16 janeiro 2008

Clandestina

Quem é essa clandestina
que dentro de mim viaja
e de mim não se separa
mesmo quando estou dormindo
e aparece nos meus sonhos
breve e leve como a neve?
Quem é esta clandestina
doce e branca e feminina
que me segue
quando saio
sombra em mim dissimulada
e torna a voltar comigo
colada ao cair da tarde?
Quem é essa clandestina
que de mim não desembarca?
Sou seu trem ou seu navio?
Seu barco ou seu avião?
E sua voz me responde:
- És meu berço e meu jazigo.
Antes mesmo de nasceres
eu já estava contigo.
E sempre estarei em ti
até o fim o fim da viagem.
Lêdo Ivo