01 outubro 2009

Asas

Neste lugar probabilidades não cabem
Nem o medo tão pouco me vale
Terra estranha e sem divisas
É aqui que me sinto mais perdida
A culpa é desses meus pensamentos
Que possuem imensas asas
Ignoram futuros tormentos
Ignoram futuras baixas
Esta aventura pode ser boa ou não
O que vai restar?Ódio ou paixão?
Feliz ou infeliz não sei como acabarei
De qualquer forma eu meu arriscarei
E neste louco vôo cego
Reconheço velhas feridas
De sonhos eu vejo os restos
È aqui que me sinto mais dorida
Encontrarei prazer, dor, saudades?
Sentimentos de Camões, Assis, Sade?
Vou encontrar paixão, loucura e dor
Mas talvez também encontre amor
Um riacho de melancolia já posso divisar
E muito em breve um imenso oceano será
Mas como parar? Se sou incapaz de evitar
Minha paixão talvez o possa secar
Sem saber onde vou parar ou aportar
Novamente me deixo nessas asas levar
Por noites escuras e desconhecidas
Mas é aqui que me sinto mais viva.

A Iniciação

A iniciação
By: Contista1968
I. Eu me chamo Heloísa, nasci e cresci numa família de classe média no Rio de Janeiro. Era a caçula de dois. Tenho um irmão mais velho, Hugo, que, quando criança, era um garoto doce, mas muito irrequieto, que levava meus pais à loucura, sobretudo minha mãe, que não trabalhava fora de casa e passava os dias cuidando de nós. Lembro-me da minha vida tranqüila, ordenada, onde eu me sentia feliz e protegida. Meus pais eram muito amorosos um com o outro e conosco. Passeávamos muito, todos juntos. Papai, que tinha poucos e bons amigos, insistia em passar seu tempo livre a nosso lado e saíamos sempre em família para pequenas excursões pela praia, pela montanha, ou mais comumente pela cidade do Rio. Quando cheguei aos meus nove anos, porém, nosso mundo feliz e perfeito ruiu bruscamente. Porque meu pai, voltando do trabalho, foi atropelado por um motorista embriagado e veio a falecer no hospital, pouco depois de dar entrada. Desnecessário dizer o que tamanha perda causou em nossa família. A vida virou de cabeça para baixo, literalmente. Minha mãe passou por uma longa depressão que lhe roubou a saúde, a juventude e a sua bela aparência. Virou um zumbi de si mesma e foi obrigada a buscar emprego, era algo inevitável. Papai havia deixado uma poupança, tínhamos apartamento próprio... Mamãe recebeu o seguro de vida... Hugo e eu éramos beneficiários de uma pequena pensão... Mas tudo isso viraria fumaça em poucos meses se não houvesse um salário para nos sustentar. Eu e meu irmão ficamos sem pai, sem o homem da casa e sem quem tomasse conta de nós. Por um tempo, quase acabamos em escola pública. Nossos avós maternos deram uma ajuda e passamos a praticamente viver na casa deles durante a semana, pois era para lá que íamos quando as aulas terminavam. Às vezes, mamãe chegava tão cansada do trabalho que nem ia nos buscar. Por isso, freqüentemente atravessávamos a semana sem quase vê-la, só falando ao telefone. Nas férias, para dar um alívio a nossos avós, mamãe nos enviava à casa de nossa avó paterna, que vivia em um sítio nas imediações de Nova Friburgo, estado do Rio. Vovó Laura era bem diferente de Vovó Lídia, mãe de minha mãe. Esta, muito doce e amorosa. Aquela, muito irritadiça e impaciente. Recebia-nos como se fizesse um favor à mamãe e nos mantinha ocupados o tempo todo com pequenas tarefas, como pintar cercas, varrer a varanda, passar o ancinho no gramado. Regávamos a horta, cuidávamos das galinhas e dos patos, ficávamos horas arrancando ervas daninhas e mato das jardineiras. Como qualquer criança, queríamos ajudar e teríamos adorado fazer tudo isso se não fosse pela obrigação de fazê-lo. Vovó Laura não nos dava qualquer opção. Acordávamos cedo, trabalhávamos o dia todo e, lá pelo fim da tarde, mal e mal conseguíamos tomar banho, de tão cansados. Era o jeito de ela lidar conosco, sobretudo com Hugo. Em um bom dia, Vovó Laura assaria bolos para nós e até poderia nos deixar ver tevê. Em um mau dia, se algo de errado acontecesse, se algo a deixasse aborrecida, zangada ou nervosa, chegávamos a apanhar da velhota que, na verdade, era bem forte. Nunca contávamos essas histórias para mamãe ou para nossos avós no Rio, em parte porque nos sentíamos culpados de alguma traquinagem ... não éramos santos, sobretudo meu irmão. Muitas vezes apanhei injustamente, e porque Hugo havia aprontado isso ou aquilo. Vovó nos batia com varinha de marmelo, com um cinto, com chinelo, na verdade, com o que quer que ela conseguisse pegar no momento da raiva. Era uma pessoa de altos e baixos. Num momento, feliz. No momento seguinte, irascível. Depois de uma surra, acho que aquilo servia de alívio para os seus nervos e ela, já expurgada de seus demônios, arrependia-se. Era quando nos adulava de algum modo, muitas vezes nos deixando em paz. Outras vezes, massageando nossas costas e nossas nádegas com algum ungüento anestésico. Hugo aprontava muito, não sei nem por quê. Talvez, fosse a falta que nosso pai fazia. Mesmo apanhando, ele ainda assim inventava uma nova travessura e o pior é que eu era punida mesmo sendo inocente. Uma vez, ele tacou fogo no varal, não de propósito, mas... Também... O que ele pensava que iria acontecer, brincando com uma vara em chamas perto dos lençóis secos? Sei lá, acho que ele tinha um parafuso a menos. Nesse dia, Vovó Laura nos surrou de varinha e nos amarrou a uma cadeira. Foi algo realmente chocante, porque nossos pais e nossos avós maternos jamais nos levantaram a mão. E, de repente, estávamos com a bunda ardendo, sentados cada um em uma cadeira, as cadeiras de costas uma para a outra e amarrados com cordas grossas. Vovó Laura parecia fora de si. Tinha um brilho esquisito nos olhos e chegou a babar de raiva enquanto passava metros e metros de corda ao nosso redor. Disse-nos que éramos animais e que, como animais, deveríamos ficar amarrados. Estranhamente, lembro-me bem daquele dia. Porque, aos onze anos, amarrada daquele jeito, e com os vergões da varinha em meu lombo, senti um calor estranho entre as pernas. Foi a primeira vez e foi desconcertante. Eu nem sabia o que estava acontecendo. Meu corpo latejava. Eu sentia minha xoxota pulsar, como se alguém a estivesse apertando. Fiquei assustada com Vovó Laura, com as cordas, com a dor no meu corpo e, ofegante, nervosa, ansiosa, procurando não soltar um pio sequer, não consegui evitar, fiquei úmida. Apavorei-me, pensando no que Vovó Laura diria. Que mijei nas calças. Seria outra surra. Naquele estado de ansiedade, minha xoxota continuava latejando, latejando, latejando. Lembro-me muito bem disso. O pânico, a dor e aquela sensação úmida, morna e pulsante entre as minhas pernas. Hugo, de costas para mim, parecia totalmente alheio. Não tínhamos coragem de falar um com o outro, para não piorar as coisas, e ele, muito caracteristicamente, acabou pegando no sono. Eu não. Fiquei ali, atormentada, apertando as pernas. Quanto mais apertava as pernas, mais minha xoxota parecia pulsar. Mais úmida eu ficava. Era uma agonia e também um êxtase. Por fim, Vovó Laura veio nos soltar e nos mandou para a cama, direto, sem janta. Foi quando, debaixo das cobertas, toquei-me pela primeira vez. E gozei. Eu acho. Contei esse episódio porque acho que isso explica todo o resto que aconteceu na minha vida e que me marcou tanto. Daquele dia em diante, comecei a masturbar-me com regularidade. Creio que ninguém nunca percebeu isso. Fechava a porta e, debaixo das cobertas, cheia de culpa, deliciava-me. Era um prazer proibido e, muitas vezes, motivado pela lembrança daquela memorável surra que eu e Hugo levamos. Ou de outras. Tudo isso me chocava, pois... à luz do dia... na vida normal... eu não era essa pessoa. Eu era normal e bem ajustada. Mas bastava ficar sozinha no banheiro, ou no meu quarto escuro, debaixo das cobertas, que esse demônio saía de dentro de mim. Era outra Heloísa, outra garota que vivia dentro de mim, contra a minha vontade, e que se manifestava à minha revelia. Passei temporadas tentando não me masturbar como um alcoólatra passa dias contando a sua sobriedade, e como um alcoólatra sem apoio, eu sucumbia. Minha primeira relação sexual foi com um namorado que era um bom rapaz e que gostava de mim. Não foi prazerosa, mas... sei lá... isso é o normal, eu acho. Doeu, foi esquisito, grotesco... no final, fiquei feliz de tudo haver terminado em pouco mais de uma hora. Tomei um banho e forcei-me a um sorriso. Não queria magoar o Luís. Achava também, sinceramente, que as seguintes seriam melhores. Como de fato o foram. E, por um tempo, acreditei que estava livre das minhas fantasias. Acreditei que estava livre das minhas escapadas para baixo do cobertor, quando eu me imaginava personagem de um conto erótico, e contos cada vez mais sádicos, para tocar-me vigorosamente. Luís era bom comigo, muito atencioso. Infelizmente, porém, para gozar, eu precisava fechar os olhos e pensar em outras coisas... criar roteiros... divagar. Depois do Luís, saí com uns e outros, tive alguns namorados, nenhuma grande paixão. Mas gostei muito de um colega de faculdade, André, com quem vivia em um relacionamento esdrúxulo, de idas e vindas, brigas homéricas, finais retumbantes e reconciliações dramáticas. Chegamos a terminar várias vezes. Eu arranjava alguém, ele arranjava alguém e, mais cedo ou mais tarde, largávamos nossos parceiros para ficar juntos de novo. André foi o meu parceiro mais apimentado. Era um garanhão, gostava de trepar com estocadas vigorosas e não raro me estapeava a bunda. Xingava-me de puta, vagabunda, putinha, cadelinha, sempre de um jeito sensual, e isso era algo que me deixava acesa. Acho que era por isso que nos dávamos tão bem, e que o nosso sexo era tão estimulante. Hoje, sei que realmente nunca amei André. Mas, na época, acreditava ser apaixonada por ele. Acreditava que aquele namorado era o tal. Na cama, André sabia ser rude na medida certa, gostava de ousar e não tinha preocupação em ser politicamente correto. Era o melhor amante que eu havia tido e o que me fazia gozar de um modo como eu nunca havia gozado antes. Por causa do André, comecei a ler mais sobre sexo, sobretudo na internet. Minhas pesquisas me levaram aos sex shops, onde pisei, pela primeira vez na vida, tão profundamente mortificada e com uma vergonha tão grande que nem pude ver direito do que se tratava. Tremia com medo de ser reconhecida. Não que eu conhecesse tanta gente assim, mas... vai que aparece um conhecido...!? Como uma gata assustada, eu ia e vinha, até que finalmente fiz a minha primeira compra. Um par de algemas. Cheguei em casa nervosa e excitada com aquela travessura, louca para compartilhá-la com André. Ele, claro, ficou muito entusiasmado. Algemou-me na cabeceira da cama e fizemos sexo loucamente. Eu era uma boneca em suas mãos e adorei cada minuto. Dali por diante, nossas trepadas teriam sempre algum momento em que eu estaria algemada, algemada com os braços para trás, com os braços para frente. Algemada à cama, à mesa, à porta do carro. Éramos como dois animais em constante estado de excitação. Sentir-me presa me deixava em tal nível de ansiedade que, ao menor toque, eu já ofegava de prazer. Era o que acendia André, ele nunca realmente me machucava para valer, e parecia limitar-se à tensão do momento. Era uma fantasia, uma loucura. Entusiasmada com o sucesso das algemas, que usávamos o tempo todo, fiz outra compra. Trouxe um vibrador. Foi a glória. Ao contrário de outras mulheres, eu não o usava para masturbação, sozinha. O vibrador fazia parte de nossas relações. André me estimulava com aquele pênis de silicone que tremia e vibrava dentro de mim, fazendo minha boceta transbordar de sucos e gozo. Não era um vibrador grande, era até mais modesto do que um pênis de verdade. Mas já causava intenso prazer em alguns momentos e bastante incômodo em outros, quando André o introduzia em meu anus e me fodia como uma cadela, na boceta. Ou, ao inverso: quando ele deixava o vibrador na minha boceta e me enrabava, muitas vezes com tanto ardor, com tanta paixão, que eu mal conseguia mantê-lo dentro de mim. Acho que, por não ser tão largo, e por eu estar tão lubrificada, o vibrador de silicone acabava escorregando para fora enquanto André me estocava por trás. Nossas trepadas assim duravam uma eternidade, até cairmos sem vida, no colchão, os dois suados, trêmulos, ofegantes, eu enrabada ou com André ainda pulsando dentro da minha boceta. Era algo que eu jamais vou conseguir descrever direito em palavras, mas que tinha a ver com a sensação de plenitude, de perfeição, de ápice. De glória, arrebatamento e paixão. Era, em poucas palavras, mágico. Depois das algemas e do vibrador, foi a vez da gag ball. Isso foi idéia do André, que a trouxe para mim um belo dia. Fiquei meio assustada com aquilo, talvez pelo fato de que a gag parecesse um pouco grande para a minha boca, e porque teríamos que prender as correias pela minha cabeça. Quando vi-me no espelho usando aquilo, levei um susto. Era aflitivo. Eu parecia uma cadela com uma focinheira. Foi me dando uma agonia, um nervoso... quando me dei conta, estava complemente úmida. André percebeu meu pânico e me fez um carinho, dizendo que tudo ficaria bem. Que era para eu relaxar. Senti quando ele levantou a minha saia, puxou a calcinha de lado e me penetrou sem qualquer poesia. Não houve carinho, não houve afago. Eu estava de pé, junto à parede, e ele, já bem duro, fez seu pau deslizar para dentro da minha xoxota sem qualquer problema. "Pomba, Helô! Você tá toda molhada, gata!". Aflita, desesperada, com medo, sufocada. Naquela trepada sem jeito, pensei que iria desfalecer. E, como uma cantiga velha e conhecida, não desfaleci. Minha dor e minha agonia viraram outra coisa. Viraram uma pulsação insana, um calor súbito e indescritível. Gozei como se meu corpo nem me pertencesse. Como se tivesse vida própria, independente da minha consciência. Vendo meu abandono, meu estado de profundo êxtase, André passou a me estocar com fúria. Fez de mim uma boneca, me arrastou para a cama e me cobriu como um touro cobre uma vaca. Fiquei de quatro, fora de mim, babando de prazer, de medo, de gozo, de loucura. Por trás, ele me penetrou na vagina inteiramente melada. Agarrou meus ombros e batia aquele pênis latejante dentro de mim, me cavalgando furiosamente. Não sei quantas vezes gozei. Já nem sabia se era um gozo só ou vários. Sei apenas que ele me dava palmadas, me chamava de vagabunda e que chegou ao ápice com um urro de prazer antes de tombar para o lado, satisfeito. Até terminarmos de vez, cerca de um ano depois, fizemos uso dos nossos brinquedos e as relações foram ficando cada vez mais apimentadas. Na cama, essa rudeza era uma maravilha. Fora da cama, porém, não conseguíamos nos acertar. Brigávamos muito, demais. Tínhamos muito ciúme um do outro e pouco espírito de companheirismo. Um dia, no calor de uma briga particularmente explosiva, André perdeu a cabeça e partiu para cima de mim, desferindo um sonoro tapa no meu rosto. Um tapa que me fez perder o equilibro e tombar para o lado. Caí no chão, bati com a cabeça e ainda levei um chute do meu namorado bem na boca do estômago, algo que me deixou praticamente sem fôlego. Foi o que enfim selou o nosso destino. Hoje, acho que os rituais sado masoquistas foram tirando nossos pés da "realidade", até que, no meio de uma briga, ambos excitados, de raiva e sexualmente, ele perdeu a cabeça e agrediu-me para valer, com brutalidade. Sabe o que é mais estranho? Foi ele que ficou chocado. No chão, derrotada, com um fio de sangue escorrendo pelo canto da boca, eu queria André. Queria abocanhar seu pau e chupá-lo, misturando o gosto de sangue com o gosto de gozo, de pica dentro da cueca, de secreção. Queria que ele me algemasse e me comesse como uma cadela. Não fui eu que terminei o relacionamento, eu teria ido para a cama com André, teria transformado aquela loucura em sexo bruto e animal. Mas André caiu em si. Tirou-me do chão, trêmulo e muito pálido. Estava assustado com o que havia feito. Me levou para a cama, limpou minha ferida na boca e insistiu em me levar para o hospital. No dia seguinte, mortificado, disse que não poderia mais continuar comigo. Tinha medo do que poderia acontecer dali por diante e, de mais a mais, tendo estapeado a namorada assim, fora do contexto apimentado de uma relação sexual, acreditava não mais haver respeito entre nós. Curiosamente, quando eu o queria mais do que nunca, para ele, tudo esfriou. Meu fim de faculdade foi deprimente. Eu era louca por André e ele não queria mais saber de mim. Não respondia meus telefonemas. Não me procurava, não falava comigo, não queria ter notícias minhas. Era como se nem me conhecesse. Acho que fez isso porque tinha medo de voltar atrás e recomeçar o ciclo, só que dessa vez uma oitava acima, escalando a violência para além de ponto até o qual estava disposto a ir. André colou grau e não participou da formatura, acho mesmo que para me evitar. Soube que ele arranjou uma namorada pouco depois de terminar comigo, engravidou a menina e teve um menino com ela. Acabou casando com outra garota. Passou em um concurso para o Banco Central e mudou-se para Brasília. Nunca mais o vi e ele sumiu de minha vida por completo. Nosso rompimento foi terrível, me deixou com uma sensação de vazio e de abandono que era insuportável. Verdadeiramente insuportável. Doía o tempo todo, como uma pressão no peito, sabe como é que é? Quando alguma coisa está muito, muito errada na sua vida, e você se arrasta pelo dia querendo se ocupar de outra coisa, para não pensar, não sentir... mas aquilo fica lá, doendo, sem parar? Era assim. Eu passava muito bem, muito bem, e, de repente, tomando café, lendo um jornal, no meio de uma conversa, me batia aquela tristeza, aquele vazio, aquela sensação terrível de vácuo não preenchido. Depois de sair com um e com outro, sem me interessar por ninguém, finalmente cheguei à conclusão de que deveria dar um tempo a mim mesma. Dei-me conta de que, desde os catorze anos, eu estava pendurada no braço de algum rapaz. Havia namorado cinco ao todo, namoro firme, de compromisso. Havia tido rolos. Havia ficado, tido meus casos, tudo que garotas da minha idade fazem, e que não é nada demais. Ao contrário de minhas amigas, porém, por algum motivo, sozinha mesmo eu nunca ficava. A qualquer momento, tinha companhia. Não era difícil conhecer rapazes, bons rapazes, me interessar por eles e despertar o interesse neles. Um namorado praticamente engatava no outro e eu não sabia o que era não contar com um homem a meu lado. Por isso, naquele momento de solidão, pensei que talvez devesse dar um tempo a mim mesma e viver plenamente aquela solidão. Achei por bem ficar sozinha. Era melhor assim, limpar a cabeça e começar de novo, sem ranço, para até poder voltar a me interessar por alguém. Nessa nova fase, passei a dedicar-me ao trabalho. Estava formada e comecei a trabalhar numa firma de importação e exportação. Estudava para concursos e queria fazer uma boa figura no meu emprego. Por isso, foi o momento mais sério da minha vida. Trabalhava, estudava, estudava, trabalhava. Quase não saía, a não ser para ver algumas amigas mais queridas. Nessa época, já morava sozinha, em um pequeno apartamento comprado com uma parte do dinheiro que meu pai havia deixado. Eu estava indo bem e me sentindo dona de mim mesma. A não ser por um velho vício. Do fundo do armário, saíram as algemas. E eu voltei para baixo do cobertor. Foi quando, de repente, meu pequeno segredo deixou de ser um segredo. E tudo mudou na minha vida.
II.
Na privacidade de meu quarto, sozinha e sem ter que dar conta a ninguém, fui cedendo aos meus instintos, às minhas fantasias e passei a experimentar mais. Passei a usar todos aqueles, brinquedos, que haviam feito parte da minha relação com André. Pouco a pouco, ia sofisticando, incorporando uma coisa e outra. Ia criando histórias na minha cabeça, com enredos mirabolantes e fantásticos. As personagens eram celebridades do cinema e da tevê, pessoas que eu conhecia na vida real e até eu mesma, em cenários de fetiche, clichês de excitação, praias paradisíacas, oficinas de mecânico, elevadores, becos escuros e abandonados... a minha criatividade era toda uma biblioteca de erotismo. Para apimentar tudo, eu ia usando meus apetrechos. Comecei com as algemas e o vibrador. Eu ficava nua, na cama, debaixo dos cobertores, acho que para, esconder, do mundo aquele meu prazer perturbador - , com as mãos algemadas para frente e me masturbando com meus dedos. Era uma delícia. Usava o vibrador na minha boceta, que pingava de excitação. É uma coisa engraçada quando a boceta inunda, tomada dos sucos que brotam de dentro do nosso corpo. A gente vai ficando mole, zonza, com aquele calor, aquela sensação de umidade, até que o gozo irrompe, como uma força da natureza, fora de controle. Dependendo da época do mês, da minha criatividade, de algo que houvesse me excitado na teve ou na internet, eu ficava ali, por horas a fio, parando apenas para retomar forças. Sentia o meu grelo inchar, pulsar, latejar. Usava o vibrador dentro de mim, aquele mesmo, que não era nem tão largo nem tão grosso quanto um pênis, mas que vibrava deliciosamente e me ajudava a chegar a um êxtase maravilhoso. Com o tempo, resgatei a gag ball. Mais do que as algemas, a gag ball me deixava muito, muito aflita. Eu me olhava no espelho, nua, pálida. Minha imagem dizia tudo. Segurando a gag ball na mão, eu era o reflexo do pânico primário, básico, de todo ser humano, de toda criatura viva, que é sentir dor. A gag ball passa essa coisa, de que você perdeu a sua humanidade, de que você vira um animal. De que você ficou vulnerável e impedido de gritar por socorro, pedir ajuda, tentar se salvar. Nesse delírio, eu me impunha a gag ball. Colocava a bola cor de laranja na minha boca e afivelava aquela coisa na minha cabeça. Meu pânico era imenso. Era o que eu via naquele espelho, uma Heloísa que não era a Heloísa que eu achava ser. Com a gag, eu me algemava e ia para baixo das cobertas. Usava o vibrador. Meus dedos buscavam o grelo, que logo inchava e pulsava. No auge do gozo, eu sentia o carocinho e apertava aquela carne latejante com força, querendo prolongar os espasmos ao máximo. Minha boceta logo transbordava dos sucos e do gozo que brotavam com espantosa facilidade. Sempre tive muita secreção e muito gozo, André dizia que eu era uma dessas mulheres que esporram. Acho que é verdade, eu esporro mesmo. A lubrificação é fácil e o gozo brota de uma maneira bem visível e viscosa. Um homem que realmente me conheça sabe quando eu gozo e quando eu não gozo, não dá nem para tentar enganar. Por uma temporada, tive medo que o onanismo me dominasse inteiramente. Que, de tanto me satisfazer sozinha, eu nunca mais achasse graça na companhia de um homem. Li alguns artigos sobre o assunto em revistas femininas e masculinas, alguns até interessantes, porque explicavam o tabu religioso em torno da masturbação. Em algumas religiões, existia mesmo o medo de que um homem, se masturbando, desperdiçasse sêmen à toa e perdesse o desejo pelas mulheres. Isso me parecia ridículo, mas fazia sentido. E o sentido é que, na minha caverna, escondida debaixo das cobertas, eu estava me transformando em uma garota solitária, que se realizava sozinha e preferia não se arriscar em outro relacionamento. Pensei em freqüentar terapia. Pensei em falar com o meu ginecologista. Pensei em tomar remédio. Mas a verdade é que, mesmo chocada com o meu comportamento à luz do dia, eu nada fazia para mudá-lo, porque eu gostava de amarrar, me amordaçar e ir para baixo das cobertas. Essa história de tomar remédio, por exemplo?, acabou assim: pesquisando se haveria algum inibidor sexual, acabei lendo a respeito dos estimulantes sexuais. Eu considerava me castrar quimicamente e acabei comprando uma caixa de pílula azul pela internet. Fiquei curiosa. Tomei uma e passei o final de semana com a cabeça nas nuvens, como se eu houvesse bebido meia garrafa de champanhe. Meu clitóris, inchado, pulsava. Era como se estivesse duro o tempo todo, se fosse um pênis, estaria ereto. Mal consegui sair de casa. Nada do que eu fizesse me trazia satisfação. No final, não foi nem tão legal assim, porque o orgasmo não era seguido daquela sensação de relaxamento e alívio. O Viagra me deixava acesa, irrequieta, insatisfeita. Acabei jogando aquela besteira fora. Foi numa tarde pacata de domingo, eu sozinha em casa, que meu pequeno segredo saiu do fundo do baú. Eu estava algemada, gozando na cama com o meu vibrador, quando o alarme de incêndio do prédio começou a tocar. No pânico, não achei as chaves da algema, que ficavam sempre na mesinha de cabeceira. Eu muito provavelmente derrubei as chaves sem querer, enquanto me mexia na cama, e, na confusão, não tive cabeça nem tampouco frieza para procurá-las. Era isso ou morrer queimada, sei lá. Com as mãos algemadas, consegui remover a gag ball e até vesti uma calça para sair, mas estava com os seios de fora. O alarme de incêndio ainda tocava insistentemente. Desesperada, peguei uma mini saia de elastano e puxei-a para cima, como se fosse uma blusa tomara-que-caia. Achei um casaco e saí correndo, desesperada. Quando abri a porta de casa, em rota de fuga, acabei trombando com um dos meus vizinhos, que me amparou da queda. - Calma...! Ele me disse, gentilmente: - Não é nada... alarme falso... literalmente. Simpático, sorriu para mim. Acabamos rindo da idiotice. Eu estava pálida, descabelada, vestida como uma idiota e escondendo meus pulsos algemados por baixo do casaco, que eu segurava contra o meu peito. - Como é que a gente vai confiar nesse alarme, não é mesmo? Da próxima vez que tocar, ninguém vai dar bola. - Será que foi mesmo falso...? perguntei, ainda trêmula de medo. - Foi. O porteiro acabou de me ligar. Por sorte, tem pouca gente no prédio. Suspirei, aliviada. Era tudo muito ridículo. Minhas pernas tremiam, não sei se por causa do medo de morrer queimada ou pelo fato de ter sido arrancada de meu pecado secreto. Era como se a Divindade houvesse me punido pelas minhas travessuras. Não sei, maluquice. - Obrigada... murmurei. - Imagina. Tudo bem com você?. Como eu poderia responder aquela pergunta? Meu vizinho, apesar de morar na porta em frente, era alguém que eu mal via. Às vezes, cruzávamos no corredor ou no elevador, e só. Eu mal reparara em seu rosto antes. Agora, via que era um homem de seus quase quarenta anos, com uma bela barba aparada, olhos de um azul escuro muito bonito e braços fortes, de quem faz ginástica. Não sabia nem o seu nome direito. Ricardo, eu achava, mas tinha certeza. Ele era sempre muito simpático comigo, muito educado, com modos de cavalheiro. Puxava a porta do elevador para eu poder entrar ou sair, me cumprimentava e sempre sorria de um jeito bondoso. De vez em quando eu o via saindo para passear com um cachorro pastor alemão grande, que ele chamava de Tuli. Muito correto, usava o elevador de serviço. Lembro-me de uma ocasião em que Tuli estava com uma focinheira e esse meu vizinho me explicou que iria passear pelo calçadão. Pensei, quieta, que aquele cachorro parecia comigo, quando eu usava a gag ball. Ou era eu que parecia com Tuli. Eu era uma cadela. Aquilo era perturbador, me deixava com a sensação de meus vícios eram muito errados mas, quanto mais errados, mais prazerosos. Eu acho que eu preciso... me deitar um pouco... não sei, acho que fiquei nervosa...  desconversei, querendo voltar para casa. É, boa idéia... eu vou descer e falar com o Juvenal. Acho que temos que chamar o síndico para resolver essa história de alarme ainda hoje. É... tem razão.... Eu estava aflita para abrir a porta. Obviamente, havia algo de errado comigo, porque eu não largava o casaco. Quem é que tenta achar uma maçaneta por baixo do pano, agarrada ao casaco que, naquele calor, não fazia qualquer sentido? Você precisa de ajuda...?  ele me perguntou gentilmente, apesar de algo desconfiado. Não, tudo bem... a maçaneta não... não trava por fora.... De fato, não. Mas quando finalmente a fiz girar, abrindo a porta, o casaco escapuliu e caiu pesadamente no chão. Foi um desses momentos pivotais, em que nada é dito e tudo é compreendido. Tudo, absolutamente tudo. Trocamos um olhar e foi o que bastou. Não sei se por causa de minha inexperiência, e por toda a culpa que eu carregava, ou se porque ele era muito experiente e foi capaz de captar tudo no ar. Corei logo. Meu rosto, muito vermelho, queimava de vergonha. Algemas, fora de um contexto policial, não costumam ter outro uso mais explicável do que um óbvio fetiche. Sozinha no apartamento, então, o que aquilo parecia? Como qualquer pessoa que esconde um segredo, achei que tudo estava muito bem estampado em letras garrafais na minha testa: tara. Masturbação. Gag ball. Vibrador. Puta, safada, doente. Masoquista. Gosta de ser amarrada. Gosta de levar tapa. A Heloísa das algemas, que eu guardava tão bem guardada debaixo das cobertas, estava agora exposta à luz do dia, e para um virtual estranho. Se você precisar de ajuda...  ele ofereceu, ainda muito gentilmente, como se não quisesse me embaraçar. Não, tudo bem... tudo bem... eu me viro sozinha.... Ok... mas, se você mudar de idéia... meu nome é Rogério... não sei se você se lembra.... Rogério, claro... me lembro sim... me lembro... obrigada, Rogério... Eu me chamo Heloísa.... É, eu sei. Bom, Heloísa, eu vou descer. Vou falar com o porteiro. Mas fique tranqüila porque foi mesmo um alarme falso. Obrigada.... Acho que amei Rogério de imediato, naquele momento. Ele foi um cavalheiro, fingiu que não viu, que não entendeu, e me poupou um grande embaraço. Sorri um sorriso débil e entrei no meu apartamento, meu santuário, minha alcova de pecados, e fechei a porta gentilmente atrás de mim. Minhas pernas ainda tremiam e a sensação de idiotice era como uma faca me atravessando o peito. Como seria dali por diante? Como seria cruzar com Rogério no corredor? Era uma vergonha, um vexame horrível. Toda vez que me visse, ele também veria uma puta. Meu vício, minhas fantasias, minhas intimidades guardadas debaixo de sete chaves acabaram reveladas por acidente a alguém que, sem me conhecer, iria me julgar da pior forma possível. Fui para meu quarto, arrasada, e  depois de revirar tudo  achei as chaves debaixo da cama. Tudo por nada. Minha vergonha havia sido em vão porque, de fato, minha vida nunca estivera em risco. Só podia ser um castigo divino mesmo, sem sombra de dúvida. Na semana seguinte, por uma bênção qualquer, não encontrei Rogério. Não que eu sempre esbarrasse com ele pelos corredores, mas... não querendo vê-lo de jeito nenhum... temia o acaso. É a história do pão de pobre, que cai com a manteiga virada para o chão. Meus horários não eram os horários do Rogério, mas  se eu estivesse sendo vítima de uma grande sacanagem do destino  certamente seria obrigada a cruzar com ele todos os dias, para que o suplício não tivesse fim. Não foi, porém, o que aconteceu. Quando a sexta-feira chegou, eu já estava bem menos aflita, achando que a coisa toda iria ficar o dito pelo não dito. Que é assim mesmo, ninguém deve nada a ninguém e cada um cuida de si. Quem não tem seus segredinhos? Essa era a medida da minha autoconfiança. Estacionei meu carro na garagem e, muito calmamente, tomei o elevador. Estava cansada depois de um dia inteiro de trabalho. Havia a tentação de me jogar na cama e ver televisão, mas  naquele fim de tarde, princípio de noite  eu realmente fiz planos. Pensei em tomar um banho quente e sair para relaxar. Queria ver um filme, talvez fazer umas compras no shopping. Tive a idéia de ligar para uma amiga e convidá-la a sair comigo quando cheguei ao meu andar. Estava tudo tão quieto, tão calmo, que aquela aflição dos dias anteriores não me ocorreu  eu nem trazia a chave de casa na mão. Tranqüilamente, abri a minha bolsa e, revirando aqui e ali, procurei pelo chaveiro. Foi quando senti a presença de mais alguém a meu lado. Ergui o rosto e lá estava ele  Rogério. Meu vizinho, com seu sorriso simpático. Meu coração deu um pulo selvagem no peito. Eu não o havia ouvido. Eu não havia ouvido qualquer ruído, nada. Nem do cachorro, Tuli, que ele trazia na guia. Como isso era possível? Não ouvi coisa alguma, só senti a presença dele, como uma espécie de instinto animal. Do jeito que uma caça sente a presença do predador, já tarde demais para fugir. E, exatamente como uma caça, uma pequena presa, empalideci, sem qualquer reação  paralisada mesmo. Olá, Heloísa... tudo bem?. Não sei por que eu estava tão amedrontada. Rogério olhava-me como o perfeito cavalheiro que sempre havia sido. Não sei por que intuí a ameaça. Porque, naquele momento, não era vergonha que eu sentia, mas uma avassaladora sensação de vulnerabilidade. Olá...  balbuciei, em um fio de voz. Eu assustei você?. Não.... Claro que havia. Era algo estampado em meu rosto. Ele devia estar sentindo o cheiro do meu medo. Você parece assustada. Não... não, não tô não... impressão sua.... Minha voz mal registrava. Meu peito arfava. Eu mal conseguia olhá-lo nos olhos. Que bom. Para meu desespero, Rogério estendeu a mão e me tocou no rosto. Eu cheguei a reagir como se esperasse um tapa, mas ele só queria me fazer um longo afago. Sim, você decididamente parece assustada...  e ele sabia o quanto aquele carinho me assustava. Era bom, mas me assustava. Com a ponta dos dedos, Rogério desenhava o contorno das minhas feições de um modo tão delicado que era como um cócega deliciosa. Eu ofegava de medo, me sentindo encurralada contra a porta e ameaçada pela presença do cachorro, que me olhava diretamente nos olhos. Não fique assustada, Heloísa... porque eu não quero fazer mal a você. Por favor...  murmurei, numa súplica. Ssh, meu anjo... não fique assim.... Os dedos escorregaram suavemente pelo meu pescoço e chegaram ao meu colo, brincando no contorno do meu bem comportado decote. Naquele momento de ansiedade, meu corpo latejava loucamente. Eu me sentia pequena, fraca e vulnerável, perdendo o fôlego, num misto de pavor e excitação. Vamos entrar, Heloísa...? Eu quero dar uma olhada no seu criado-mudo. Meu... o quê...?. Seu criado-mudo. Sua mesinha de cabeceira. Oh, ele sabia. Ele sabia. Seus dedos acariciavam agora um dos meus seios, por cima da roupa, fazendo os mamilos endurecerem ao seu primeiro toque. Vamos, Heloísa... abra essa porta... vamos entrar. Tenho seios pequenos, como os de uma adolescente. Quando resolveu usar sua mão  que era grande e macia  tudo coube em sua palma. Brincava com um e com outro, talvez se divertindo com o fato de os mamilos estarem agora tão duros que, como carocinhos, marcavam o tecido da blusa a despeito do sutiã. Vamos, meu anjo... seja uma boa menina. Eu estava tão atordoada pela presença do Rogério que meu pânico era também um pouco fascinação. Ele é um homem bonito, charmoso, de feições marcantes e modos suaves. Deixei que tomasse a bolsa de minhas mãos e pegasse as chaves do meu apartamento. Foi ele que abriu a porta de casa, sorrindo-me de um modo muito gentil. Vamos.... Ainda lembro de ter virado o rosto em outra direção, como quem pensa em recusar, fugir, pedir socorro. Mas meu medo não era aquela força animal que traz a força do instinto de auto preservação. Meu medo era debilitante, me deixava zonza, frágil, muito débil das idéias. Meu medo era a minha sedução. Rogério pegou-me pela mão e levou-me para dentro sem que eu tentasse impedi-lo, e éramos seguido por Tuli. Uma vez dentro do apartamento, assisti, como uma criança impotente, quando Rogério trancou a porta e guardou as chaves em seu bolo. Tuli não latia, como um cão fiel e bem treinado. Eu gostaria de ver o seu quarto, Heloísa... ou o lugar onde você brinca. Rogério, por favor, não.... Ssh, ssh, ssh, meu anjo... não faça assim. Você. Não era um pedido, era mais como uma instrução. Era isso o que talvez me deixasse tão indócil  Rogério era gentil e me falava muito polidamente. Mas, por trás daqueles olhos aquilinos, daquele sorriso bondoso, havia um brilho que eu instintivamente reconhecia. Tinha o comando da situação, como um adulto que, sem precisar dizer nada, tem o comando de qualquer criança. Por aqui...  balbuciei, mostrando o caminho. Rogério fez-me um sinal para que eu fosse na frente embora se tratasse de um apartamento de quarto e sala. Mal cruzamos o corredor e já estávamos em meu quarto, com tudo muito limpo e arrumado. Meu quarto... eu não podia acreditar que estava levando aquele estranho e o seu cachorro direto para o meu quarto, onde eu ficaria ainda mais vulnerável. A sua casa é muito bonita, Heloísa...  ele comentou, olhando discretamente ao redor: - Vê-se logo que você é uma moça de bom gosto. Obrigada.... Senti meu rosto enrubescer. Rogério me olhava e sorria, como um tio querido. Aproximou-se e acariciou-me de novo. O que foi, anjo...? Por que esse medo todo...?. Porque... não sei.... Lágrimas brotaram em meus olhos enquanto Rogério me afagava de novo. Havia algo nele, algo em sua estudada calma e polidez que me deixavam com a sensação de calma antes da tormenta. Ssh, ssh, anjinha... não, nada disso... não fique assim.... Ele afastou meus cabelos para trás, como se eu fosse uma criança, e desabotoou o primeiro botão. Eu estava perdendo o fôlego. Você é uma boa moça, Heloísa... dá para ver isso no seus olhos... uma boa moça com gostos que boas moças têm medo de admitir.... Quando o segundo botão saiu da casa, os dedos tocaram no vão entre os seios, causando um espasmo involuntário ao longo de minha espinha. Você anda muito sozinha, não anda...?. Não.... Anda sim... o que é uma é uma pequena, porque... boas moças como você não devem ficar assim, sem alguém que cuide, e proteja, e lhes dê carinho... você me entende...?. Rogério, eu.... Ssh, ssh, ssh...  com um dedo, ele silenciou meus lábios. Com outro, soltou o terceiro botão. Heloísa, como você é linda... você parece uma boneca... uma linda boneca, dessas antigas, com rostinho delicado e perfeito...  o quarto e o quinto botão cederam facilmente. Assustada, comecei a chorar de mansinho enquanto ele fazia o tecido de seda escorregar pelos meus braços, até cair no chão. Não chore, minha querida... não chore... você é realmente muito linda... eu gosto muito de cadelinhas assim como você... pequenas e delicadas.... Cadelinha. Eu me lembro do jeito carinhoso como ele disse cadelinha. Foi quando tomou meu rosto em suas mãos e beijou-me na testa. Eu tremia, paralisada de medo. Mas o medo também era algo diferente, algo que parecia uma revoada de borboletas em meu estômago, e que me fazia pulsar loucamente entre as pernas. O medo, para o meu intenso horror, me excitava. Você anda sem dono, não?. Ah...?  eu nem raciocinava direito. Com aquelas mãos macias, Rogério estava removendo o sutiã sem qualquer dificuldade. Quando me dei conta, meus seios estavam à mostra, para o deleite do homem que me afagava tão gentilmente. Ah, Heloísa... são lindos... tão delicados... tão... branquinhos...  meu rosto enrubesceu de vergonha, de medo, de constrangimento. E esses mamilos... tão rosados...!. Senti os dedos fecharem-se ao redor de um de meus mamilos. Ele me abraçou, fez com que eu repousasse minha cabeça em seu peito, e ficou brincando com o biquinho rosado. Cadelas peitudas não são nada atraentes... não para mim.... Enquanto falava, Rogério ia apertando meu mamilo. Apertando, apertando, apertando, numa pressão bem suave que, aos poucos, foi se tornando bastante incômoda, incômoda, incômoda, até ficar dolorosa. Gemi, mas aquela mão que me afagava na nuca fez com que meu rosto afundasse no peito dele. Nada de grito, anjinha... nada de grito... senão, eu vou ter que castigar você.... Ele apertava e torcia meu mamilo. A dor era terrível, lancinante, até que, para o meu mais absoluto horror, o desconforto foi virando outra coisa. Tentei arquear as costas, mas ele me prendia. Tudo pulsava. Entre as pernas, eu pulsava loucamente. Assim, assim... boa menina... boa menina.... Com um puxão, Rogério me levou à loucura. A dor era muito forte. Meus gemidos eram abafados em seu peito, meu corpo se debatia, mas eu nada fazia para correr daquele abraço de urso que me torturava. Quando ele finalmente soltou meu biquinho, eu estava quase desfalecendo em seus braços. Aquela mão grande foi descendo, descendo, e chegou às minhas pernas. Não... não... por favor... não...  meus gemidos eram débeis e só faziam com que Rogério ganhasse mais controle da situação. Para ele, era como se eu estivesse implorando por mais. Senti quando ele pegou minha saia e a ergueu aos poucos, prolongando meu medo. Seus movimentos não eram rudes  eram firmes, experientes, bastante estudados. Ele ainda pressionava minha nuca contra seu peito quando finalmente afastou as minhas pernas e tocou em minha calcinha. Bastou escorregar o dedo pelo pano para senti-lo encharcado. Sim: em meu desespero, eu havia gozado sem sequer ter sido tocada. Era a confirmação de que precisava. Heloísa... como você goza, neném.... Era um delírio. Ele me afagava e eu me contorcia, querendo escapar, mas também esfregando meu corpo contra o dele. A mão entrou por minha calcinha e me tocou direto na pele, causando um forte espasmo. Calma, menina... calma.... Eu não fiquei calma, não podia ficar calma. Onde quer que ele tocasse, era uma explosão, uma contração, um movimento latejante. Os dedos tocaram em minha vulva lubrificada e seguiram até o grelo, suavemente, me levando à insanidade completa. Eu estava gozando. Seus dedos brincavam com meu grelo, vai e vem, vai e vem. Eu gemia, chorava, gemia, chorava. Isso, anjinha... goza... goza... goza.... Aquela voz me embalava, era como uma deliciosa cantiga de ninar. Senti o primeiro espasmo, o gozo, gritei, e ele não parou. Continuou me acariciando, me bolinando, fazendo com que meu corpo todo tremesse desajeitadamente. Quando a segunda onda de espasmos despontou, ele parou de massagear meu clitóris e passou a beliscá-lo. Um único beliscão, forte, que me fez urrar de dor e prazer. Era algo indescritível. Dei um salto involuntário, ainda firmemente presa ao corpo de Rogério  era o meu gozo. Ele me beliscava e me puxava, com cada vez maior força. Meu grelo pulsava entre os dedos dele, algo que nós dois sentíamos como se dividíssemos o mesmo corpo. Meu gozo foi avassalador. Tombei, quase desfalecida, sentindo o amparo nos braços de Rogério. Oh, Heloísa... você gostou, não gostou...?  ele segurou meu queixo e me fez olhar em sua direção. Que cadela maravilhosa você é...! Eu juro, gozei só de ouvir os seus gemidos.... Eu não tinha forças para lutar contra ele, nem tampouco queria lutar contra ele. Vamos fazer o seguinte hoje, anjinha... vamos brincar com os seus brinquedos. Amanhã, se você quiser, brincaremos com os meus brinquedos... que tal lhe parece?. Eu nem raciocinava direito. Assenti, meio zonza. Foi quando Rogério tomou-se em seus braços e me levou até a poltrona no canto do quarto, onde eu normalmente me sentava para assistir tevê. Espere que eu já volto.... Levei dois tapinhas de leve no rosto e vi quando ele se foi, deixando Tuli de guarda, na porta do meu quarto.
III.
Rogério demorou um pouco a voltar. Fiquei ali, abandonada na minha poltrona, sentindo minhas coxas úmidas do gozo e dos sucos que brotavam da vagina. Eu devia estar ficando louca. Como pudera deixar aquele homem entrar na minha casa daquele jeito, com um cachorro ainda por cima? Talvez, eu devesse correr à janela e gritar. A janela de meu quarto dava para a rua, que não era tão movimentada de carros. Se gritasse, alguém poderia me ouvir. Chamar a polícia. Vir ao meu socorro. Muitas coisas passaram por minha cabeça, mas nada fiz. Não movi um músculo, paralisada no mundo dos meus medos e fantasias, protagonista de um enredo que bem poderia ter sido criação minha. Talvez, eu estivesse ficando louca. Talvez, tudo não passasse de uma alucinação. Ou, quem sabe?, de um castigo. É, era bem capaz de ser um castigo. Eu estava sendo punida pela ira divina. Em meio a pensamentos desconexos, vi Rogério chegar com uma das cadeiras da mesa de jantar na sala. Ele deixou a cadeira no meio do quarto e se foi novamente, voltando logo em seguida, com um pote na mão. Um pote e uma faca. Como hoje é dia de brincar com os seus brinquedos, respeitei as regras e procurei na sua geladeira algo que seja do agrado de Tuli  explicou, polidamente, como se não estivesse dizendo coisas absurdas. Para mim, nada daquilo fez qualquer sentido. Para Tuli, porém, foi o bastante. O cachorro batia o rabo e deu um latido. Se estivéssemos em minha casa, seria mais fácil. O quê...? O que você...? O que é isso...?. Patê. De fígado. Você não se lembra de ter patê de fígado na sua geladeira?. Claro que eu me lembrava. Eu só não entendia o que ele queria fazer com o patê de fígado e a faca na mão. Tuli, porém, continuava a bater o rabo, aguando na boca. Hora de brincar, Heloísa. Seja boazinha, porque você gostar muito da brincadeira. Onde estão as suas algemas?. Não...!  supliquei, apavorada. Onde estão as suas algemas, Heloísa? Não me faça repetir a pergunta. Em um impulso suicida, tentei levantar-se para sair dali. Foi algo inútil e estúpido, talvez um desejo secreto de ser punida  porque a punição logo veio. Rogério agarrou-me pelos cabelos e me impediu de dar dois passos além da poltrona. Não!  era a voz de treinador de cães, impondo sua autoridade. Me largue...!  pedi, escorregando para o chão, onde fiquei de joelhos. Mas Rogério não iria me largar. Ele puxava meu cabelo como se estivesse agarrando cordas. Girou aquele tufo ao redor de sua mão esquerda e, com a direita, acertou-me uma bofetada numa das faces, depois outra bofetada na outra face. Não repita isso, Heloísa. Nunca mais. Estamos entendidos? Vou puni-la por essa transgressão, mas... da próxima vez... a punição será muito mais severa. Você compreende o que eu estou dizendo?. Gemi algo no sentido de que sim. A dor era muito grande, mais forte nos cabelos do que no meu rosto, que latejava muito. Não escutei. Sim....  repeti, soluçando. Sim, meu Mestre. Repita. Sim... meu Mestre...  repeti, alucinada. Ótimo. Agora, levante-se. Lentamente. Eu não tinha condições de me levantar de outro modo que não fosse lentamente. Onde estão as suas algemas? Vá pegar. Apesar das ordens, ele me falava de um modo bastante polido. Com medo de ser punida, fiz como ele ordenava e fui buscar as algemas em uma gaveta dentro do armário, onde eu guardava meus brinquedos. Muito bom. Agora, sente-se na cadeira. Novamente, obedeci. Mas, antes de me sentar, senti as mãos de Rogério por trás. Ele agarrou-me pela saia, o que me causou um grande susto. Calma... calma, minha cadela, calma...  tranqüilizou-me, com um afago nos quadris. O que ele queria era tirar a saia, o que fez com cuidado para não arrebentá-la. Senti quando baixou o zíper e o tecido, de crepe, deslizou suavemente pelas minhas pernas. Tire a calcinha, anjo. Comecei a chorar. Eu queria pedir, implorar, perguntar o que ele pretendia fazer, mas tive medo. Por isso, apavorada e impotente, chorei de mansinho. Mas obedeci a ordem. Tirei a calcinha e fiquei, enfim, nua  embora ainda calçada com as minhas sandálias de salto. Sente-se na cadeira, Heloísa.  Rogério instruiu-me, senhor e mestre da situação. Sentei-me. Era estranho sentar nua na cadeira da sala. Era uma cadeira dessas de espaldar alto, de madeira maciça. Eu ainda chorava quando ele me fez um carinho na cabeça, um cafuné que, em outras circunstâncias, seria muito agradável. Sabe, anjinha...? O melhor de tudo é que você vai gostar muito. Eu garanto. Ele enxugou as lágrimas de meu rosto e me deu um beijo na testa, outra vez. Fiquei esperando um pouco. Ele me afagava do jeito que se afaga uma criança assustada. Então, foi para trás da cadeira e puxou meus braços gentil e firmemente para trás. Eu ofegava de pavor, sem saber o que me aguardava. E foi o clique metálico das algemas, junto com o sensação do metal frio em minha pele, que me fez quase perder o fôlego. Eu estava presa. Amarrada. Impotente. Vulnerável. Exposta. Relaxe, anjinha... relaxe...  Rogério beijou-me na cabeça. Eu já volto.... Eu não poderia relaxar. Era um animal em desespero. Não vi quando ele se afastou, mas pude entender o que estava fazendo pelas minhas costas  estava remexendo no meu armário. Havia visto onde eu guardava meus objetos especiais. Ah... que danadinha!  ele riu. Quando Rogério voltou, tinha meu vibrador na mão e minha gag ball. Gag ball... muito picante, anjinha... você gosta de se sentir presa, não...?. Eu não podia responder àquilo. E para que serve essa coisinha aqui...?  mostrou-me o vibrador, achando graça da delicadeza do objeto: - Para você fazer cócegas em si mesma?. Rogério riu da própria piada, mas me fez outro carinho. Era insano. Nem de longe parecia um psicopata. Era gentil e polido, me sorria de um modo bondoso e protetor, como um pai sorri para sua filha  branda e amorosamente. Vamos começar pela gag. Depois, vamos ver o que esse vibrador faz.... O vibrador foi largado de qualquer jeito sobre a cama. Rogério aproximou-se de mim e colocou a gag ball em minha boca. Eu estava em pânico, chorando, implorando com os olhos, sem coragem de dizer uma palavra sequer. Ssh, ssh, ssh... nada disso... nada disso... boa menina, Heloísa. Boa menina!. Eu ofegava com um animal acuado. Deixei que ele introduzisse a bola laranja em minha boca e fechei os olhos. Acho que nunca me senti tão humilhada antes. Aquela gag me deixava com a sensação de perda de identidade, de brutalização. Havia sido constrangedor com André, mas André era meu namorado, alguém em quem eu confiava. Com Rogério era diferente. Enquanto ele afivelava as tiras de couro da gag ao redor da minha cabeça, chorei convulsivamente. Estava com muito medo, humilhada e com uma sensação ruim, muito ruim. Se precisasse gritar, ninguém me escutaria. Era como descer a um porão, a uma masmorra. Agora, vamos cuidar dessas suas pernas.... Ele foi-se de novo, para fuxicar no meu armário, e voltou com alguns de meus cintos. Claro que, se estivéssemos lá em casa, haveria tiras de couro feitas para esse propósito. Mas, como eu disse, vamos brincar hoje com os seus brinquedos. Era insano. Estava algemada, amordaçada e, agora, Rogério prendia minhas pernas às pernas da cadeira, usando os cintos. Usou dois cintos em cada uma, de modo que fiquei bem aberta. Vamos ajeitar o seu corpo...  e, me puxando pelos quadris, fez com que eu chegasse mais para frente. Eu nunca havia ficado antes assim tão exposta. Não podia mover o meu corpo e, com as pernas abertas e afastadas, minha boceta estava bem à mostra. Você tem pouco pelinho, mas... amanhã, lá em casa... a gente dá um jeito nisso. Cadela peluda é tão feio quanto cadela peituda. Gemi uma súplica, mas Rogério me contemplava como um artista que contempla sua obra prima. Relaxe, anjinha... vai ser bom, eu garanto. Ele foi buscar o pote de patê de fígado e a faca. Claro que me incomodei mais com a faca do que com o patê em si, embora a alegria de Tuli, abanando o rabo loucamente, fosse algo bastante aflitivo. Fique bem quietinha, tá? Porque, senão, posso machucar você. Para meu horror, Rogério começou a me besuntar de patê, usando a faca do jeito que usaria uma para besuntar patê no pão. Eu era o pão. Tuli latiu uma, duas vezes e, com o olhar severo do dono, baixou a cabeça. Foi quando desconfiei, aterrorizada, que talvez aquele animal tivesse algo a ver com o patê. Relaxe, anjinha... relaxe.... Ele espalhou bastante patê na minha genitália, o que me estimulou de um jeito irritantemente prazeroso. Estar amarrada e sentir o metal da faca na minha pele era tão apavorante que logo senti os sucos despontarem em minha vagina, o que era muito humilhante. Meu corpo parecia não me pertencer. Certamente não obedecia minha cabeça  porque, enquanto eu chorava de terror, ele era engolfado por uma acachapante sensação de prazer. Um pouco nesses biquinhos cor de rosa...  ele disse, ocupado em usar todo o patê do pote. Joguei a cabeça para trás e fechei os olhos, agoniada. Havia bastante patê entre as minhas pernas  patê frio, tirado da geladeira, que causava uma comoção na mucosa da vagina. Com o que sobrou, no pote, ele lambuzou meus peitos. Pronto... Olhe para mim, Heloísa.... Relutei, mas acabei fazendo como ele mandava. Estava algemada, amarrada com as pernas bem abertas, amordaçada e, agora, besuntada em patê. Chorava de medo e de humilhação, vergonha, culpa. E Rogério, muito amoroso, me fez um afago no rosto. Vamos nos divertir muito, minha querida. Relaxe.  e, com um assobio: Tuli! Vem cá! Vem cá, garota!. A cadela obedeceu prontamente, abanando seu rabo. Pronto, Tuli... papá. Papá, vai!. Arregalei os olhos, desesperada. Quis gritar, com toda força dos meus pulmões, mas a gag ball não deixava. Quis me sacudir, fechar as pernas, puxar os braços para frente, me proteger, derrubar a cadeira, mas era tudo inútil. Por um momento, Rogério esperou pelo fim do meu desespero. Segurava Tuli pela coleira e afagava a cadela, sabendo que haveria a hora certa de soltá-la em cima de mim. E a hora certa finalmente chegou quando parei de me debater, em parte por cansaço, em parte porque debater-me era inútil. Fui perdendo as forças, perdendo as forças, até que sosseguei. Vai, menina... papá. Solta, Tuli correu em minha direção. Fechei os olhos e joguei a cabeça para trás, como se isso mudasse qualquer coisa. Mas não mudava nada. O focinho gigantesco daquele pastor alemão meteu-se entre as minhas pernas e começou a me lamber. Gritei à toa, chorei, me desesperei, mas a língua de Tuli não parava. Não encontrava resistência. Foi lambendo o patê das minhas coxas e logo chegou à genitália exposta. Eu tinha medo que ela me mordesse. Tinha nojo daquela língua imensa. Tinha nojo de mim mesma, pois estava sendo conspurcada por um animal. Por algum tempo, lutei contra, do modo que podia, mas a verdade é que, aos poucos, aquelas lambidas intermináveis foram fazendo o seu efeito. Minha visão foi ficando escura. Eu sentia as patas daquela cadela no meu corpo. Senti quando ela subiu em mim para lamber o patê nos meus seios, que estava bem mais fácil de ser abocanhado. As unhas me arranhavam as pernas, mas era um arranhado bom. Senti meus mamilos ficando bem duros. Tuli lambia, lambia, lambia. Nunca fui lambida daquele jeito. Meus gemidos eram de medo, de horror, mas agora também de prazer. Boa garota! Boa garota!. Em meu delírio, eu não sabia se Rogério se dirigia a mim ou a Tuli, o que já dava boa mostra do meu estado mental. Poderia ser tanto para uma quanto para a outra, pois estávamos, ambas, fazendo exatamente o que ele queria que acontecesse. Quando Tuli voltou a enfiar o focinho entre as minhas pernas, eu já estava entregue. Gozei. Com a cabeça pendendo para trás, eu babava de gozo pela gag ball. Gemia, revirava os olhos. Era delicioso. Havia uma barreira indefinível, uma coisa que nunca entendi direito... uma linha a partir da qual, não sei, meu desespero se transformava em outra coisa. Eu gozava loucamente quando senti as mãos de Rogério me afagando na cabeça. Não estava raciocinando direito, e só tinha uma vaga idéia do que se passava ao meu redor, mas ouvi a voz dele em meu ouvido: Goze, anjinha... goze muito... goze, vai... goze.... Ele nem precisava me dizer aquilo porque eu estava mesmo gozando, sem parar. Já nem mais me protegia das investidas daquela língua imensa. Ao contrário, tentava arregaçar ainda mais as minhas pernas, para que Tuli chegasse mais longe e não parasse de me lamber. Rogério conseguiu fazer com que eu deixasse de existir naquele momento  a Heloísa mesmo estava reduzida à sua boceta e ao grelo que, muito inchado, pulsava loucamente, buscando a língua da cadela. Eu me debatia de prazer agora. A cada orgasmo, outro se sucedia, misturando meus gemidos a risos. Não sei por quanto tempo ficamos ali, eu e Tuli, mas a cadela prosseguiu por uma eternidade até dar-se por satisfeita. Foi parando aos poucos de me lamber, para meu desespero, e enfim afastou-se. Gritei, amordaçada, não de medo, mas querendo que ela voltasse. Foi quando meus olhos cruzaram com os olhos de Rogério e eu vi algo que me fez parar  ele me sorria, muito tranqüilo, certamente degustando aquela cena absurda. Eu havia lutado para afastar Tuli e, agora, eu lutava para trazê-la de volta. Minha rendição não poderia ser mais completa. Eu não disse que seria bom...?. Quis morrer. É engraçado quando o seu eu se anula tão completamente e, logo em seguida, recupera a consciência de si mesmo. Senti meu rosto enrubescer de vergonha, mas nada se compararia a ver a minha imagem no espelho. Porque Rogério me desamarrou da cadeira  braços e pernas  e me levou para frente do espelho do quarto. Eu parecia uma bêbada, estava trôpega e cambaleante, por isso precisei ser amparada. Quando vi o quis ele pretendia fazer, resisti, chorei, mas não houve jeito. Calma, calma... boa menina, boa menina.... Ele me agarrou por trás e me levou para frente do espelho, onde pude me ver do jeito que eu estava  um trapo humano. A gag ball me angustiava sobremaneira, era uma imagem que me provocava arrepios, e que me fazia pulsar entre as pernas  o que, mais do que tudo, me perturbava tremendamente. Vi uma Heloísa destruída. Baba escorria pelo rosto. As lágrimas haviam borrado a minha maquiagem  que não era muita, mas agora manchava meus olhos e minhas bochechas. Você está linda, Heloísa... linda... olhe o seu gozo... você gozou muito, gozou sem parar... contemple a beleza do seu prazer, minha cadelinha.... Chorei com a cabeça no peito de Rogério, enquanto ele me afagava carinhosamente. O homem que me torturava era o mesmo homem com quem eu buscava consolo. Não se preocupe, anjinha... não acabou ainda... nós dois ainda vamos gozar muito... muito mesmo. Não era uma ameaça  era uma promessa. Eu estava tão fora de mim que Rogério pegou-me no colo com a facilidade de quem pega uma boneca de pano. Vamos brincar mais um pouco, minha cadela.... Ele deitou-me na minha cama  na minha cama macia e confortável, onde meu corpo moído encontrou algum repouso. Por uns breves segundos, achei que teria paz. Mas Rogério sentou-se na cama a meu lado e vi que ele trazia algo nas mãos. Hora de amarrar as mãozinhas, Heloísa. Eram as minhas algemas. Olhei para Rogério em súplica, mas ele não teve nenhuma piedade, do jeito que os pais não têm nenhuma piedade de um filho que precisa de ir ao dentista. Era como se estivesse fazendo algo para o meu próprio bem. Vire-se, cadelinha... vamos. Por um momento, hesitei, mas fiz como ordenado. Seria punida se não fosse obediente. Virei-me como ele queria, ficando de joelhos, com a bunda empinada para cima e o rosto encostado no colchão. Nessa posição, senti meus braços serem delicadamente puxados para trás. Foi quando Rogério prendeu-me de novo com as algemas. Por uma grande perversão, eu não estava com medo. Estava ansiosa, mas não com medo. Devia já estar ficando maluca mesmo. Vamos ver agora pra que serve esse seu vibrador tão delicado.... Ah, isso era bom. Muito bom. O vibrador entrou em minha vagina sem qualquer dificuldade, pois eu havia gozado muito com Tuli e até antes dela. A vibração era deliciosa, como um carinho. Fiquei ali saboreando aquele vai e vem inebriante até que Rogério resolveu brincar com o meu ânus. Relaxa... relaxa.... Estava muito, muito bom. Eu queria ser penetrada, ansiava pela estocada e pela pressão que fariam o silicone subir pelo meu reto. Já nem mais ligava para o fato de estar babando com a gag ball, gemendo e rebolando como uma cadela no cio. Você é toda cremosa, Heloísa...  ele disse, enquanto ia forçando o vibrador pelo meu rabinho. Branquinha e cor de rosa... um tesão... seus peitinhos são um tesão... seu grelo parece um cachinho de uva, todo inchadinho... um morango, uma cerejinha... Dá vontade de ficar brincando com ele.... E foi o que ele fez, para o meu mais absoluto êxtase. O vibrador de silicone, todo lambuzado dos meus sucos e do meu gozo, ia entrando pelo ânus enquanto eu fazia força contra, para abrir bem os músculos e deixá-lo passar. Ao mesmo tempo, Rogério acariciava meu grelo, usando as pontas dos dedos. Meu corpo todo tremia com os espasmos de prazer, eu não sei nem como eu não tombei para o lado, completamente zonza. Eu ria, gemia, gozava. Quando Rogério terminou de enterrar o vibrador em mim, seus dedos pararam de bolinar meu grelo e passaram a beliscá-lo, do mesmo jeito que antes. A essa altura, eu estava pronta, estava querendo, passei a me sacudir, implorando. Cadela... vagabunda... puta safada... goza, vai... goza, sua vadia... goza na minha mão.... Eu estava fora de mim. Ele puxava o meu grelo, esticando a carne pulsante ao máximo. No desvario, a dor já era prazer, já era gozo, já estava me tomando por completo. Eu gemia, sacudia meu corpo alucinadamente, esfregando meu rosto na colcha toda babada. O vibrador estava ligado ao máximo, para o meu delírio. Minhas entranhas vibravam, meu grelo latejava e Rogério, para levar-me ao mais absoluto êxtase, passou a desferir golpes em minhas nádegas. Palmadas fortes, cada vez mais fortes, bem espalmadas, que espalhavam dor e um rastilho alucinante de prazer. Foi quando gozei. Perdi-me em mim mesma e gozei, sentindo meu clitóris pulsar nos dedos de Rogério. Boa menina... boa menina.... Sua voz era um bálsamo. Eu não sabia por que, nem como, nem a partir de quando isso passou a ser verdade, mas ouvi-lo dizer isso... boa menina, boa menina... passou a ser profundamente gratificante. Agora, não se mexa, anjinha... não se mexa.... Não me mexi. Estava deliciada, ainda saboreando a sensação prazerosa e pulsante em meu grelo, quando senti que Rogério me puxava para a beirada da cama. Não podia me mover por mim mesma, era ele que me ajeitava. Quanto gozo, Heloísa... você é mesmo deliciosa.... Deliciosa... que maravilha ouvir isso da boca daquele homem... sorri como uma criança feliz, toda babada e amordaçada. A mão de Rogério me tocava, brincava com minha vulva toda umedecida. Era ótimo, como uma cócega deliciosa. Não demorou muito e ele enfiou dois dedos. Gemi, extasiada. Seu gozo é bem viscoso, cadelinha... quase que nem porra.... Sorri. Os dedos prosseguiram e escorregaram para dentro do meu canal vaginal. Minha boceta. Minha boceta engolindo aqueles dois dedos, banhando os dois com os sucos e os gozos que jorravam loucamente de dentro de mim. Anjinha, a sua boceta mais parece uma boca chupando os meus dedos... que delícia.... Estava mesmo uma delícia. Ele fazia os movimentos de vai e vem, vai e vem, e eu gemendo, rebolando, reclamando baixinho, como que pedindo por mais. Pedindo para ser penetrada. Fique calminha, meu doce... bem calminha.... Eu estava indócil. Quando Rogério tirou os dedos de dentro de mim, gemi reclamando. Era como se eu dissesse, "não pare!, não pare!. Ora... nada disso! Quieta, cadela, quieta! Calminha!. Era como se ele estivesse falando com Tuli. Aquilo me alucinava. Esperar pelo pau nas minhas entranhas me alucinava. O vibrador no meu ânus me alucinava. Nem sei mais quem eu era. Sei apenas que, enfim, Rogério introduziu seu pênis em mim com uma única e vigorosa estocada que me fez urrar de prazer por trás daquela gag ball. Vou te cobrir, minha cadela!  lembro vagamente da voz rouca e das estocadas ritmadas, que iam bem fundo. Eu ainda não havia visto o pênis de Rogério, mas o sentia bem duro dentro de mim. Duro e latejante. Eu nunca havia experimentado nada como aquilo, absolutamente nada. Ele gemia de prazer e batia seu corpo contra o meu. Pensei que iria morrer. Ás vezes, me sentia sufocando pela gag, mas Rogério parava, me ajeitava de novo na posição correta, e voltava a me estocar. Éramos como um sagitário  ele, a metade homem; eu, a metade animal. Nossa trepada era forte, vigorosa, grotesca, cheia de urros e gozos. Eu babava e gozava sem parar. Ele me cobria, me fazia de boneca, de cadela, me batia, me xingava. Quando finalmente gozou, senti minha boceta ser inundada de porra, que ficou jorrando dentro de mim enquanto ele saboreava aqueles preciosos segundos. Por alguns momentos, ficamos parados, inertes, na mesma posição em que atingimos o clímax daquela trepada magnífica. Então, Rogério saiu de dentro de mim. Gemi, em protesto. Reclamei. Queria mais, mais, mais! Calma! Quieta!. Eu estava passada, além de mim. Mesmo com a gag, reclamava. Queria que ele não parasse. E, em minha agitação, ouvi o distinto ruído de um cinto sendo puxado das alças da calça. Quieta, cadela! Quieta!. A primeira cintada veio com uma fúria que me deixou paralisada. O cinto zuniu pelo ar e me atingiu na nádega. Uma!. Veio outra. Eu gritava de dor, urrava por trás da mordaça. Duas!. Mais outra. Três!. Mais outra. Quatro!. E a última. Cinco!. Má menina! Má menina!. Rogério agarrou-me pelos cabelos e me puxou para cima, para que eu não engasgasse com a minha própria saliva. Acho que cheguei a desfalecer de dor, mas ele me sacudiu e me jogou na cama. Eu havia chegado a uma espécie de transe. Quieta...! Quieta...!. Senti o vibrador sendo tirado de dentro do meu ânus. Estava agora de barriga para cima, com os braços algemados para trás. Rogério forçou minhas pernas, fez com que os joelhos dobrassem, me deixando inteiramente exposta para ele. Quieta...!. O pênis estava duro de novo. Rogério olhava-me nos olhos, queria ver a minha reação. Quando senti aquele volume forçando a entrada no ânus, não havia como fugir. Meu corpo estava por conta própria, me peguei corcoveando como uma égua nervosa, mas Rogério foi deslizando aquele pau intumescido reto acima. A cabeça passou com uma dor lancinante  ele não era descomunal nem absurdo, mas era maior do que André. Rebolei, em parte fugindo, em parte querendo ver aquilo enterrado até o fim. Era uma coisa maluca, desvairada. Quieta... calma... ssh... ssh...  ele dizia com a voz rouca, procurando conter o seu próprio gozo. Queria entrar todo e foi isso que fez, ora me estocando, ora me puxando pelos quadris, ora debruçando seu corpo sobre o meu. Pensei que iria desfalecer de dor, de agonia, de desespero, mas  como sempre acontecia comigo  a dor ia aos poucos virando uma outra coisa. Um calor, uma comichão, um delírio. Algo maior do que eu e que me engolfava por completo. Rogério entrou todo, até sumir dentro de mim. Era a beirada do precipício, o meu salto em direção ao nada, a minha entrega. E quando ele começou a meter, para frente e para trás, para frente e para trás, pegando ritmo, pegando força, renasci daquele vácuo, ressurgi do precipício, do vazio, delirando de prazer. Estávamos de novo enganchados como dois animais, pulsando como um só corpo. A dor não me rasgava mais, era uma explosão de espasmos, vários orgasmos que me engoliam, me faziam gemer, chorar, rir, como uma louca alucinada. No auge de minha insanidade, gozei com um urro feliz assim que senti o jorro de esperma me invadindo, me inundando, me preenchendo toda por dentro, nas entranhas, no corpo e na alma. Naquela sexta-feira, terminamos assim. Rogério livrou-me da gag ball, das algemas, e deu-me um banho no chuveiro da minha suíte. Não foi um banho sensual, foi mais como o banho que um adulto dá em uma criança. Lavou meu cabelo, lavou meu rosto e passou sabonete em meu corpo. Eu estava trôpega, não esperava por aquela gentileza. Enquanto me enxugava, ele parecia inspecionar cada centímetro da minha pele. Mais tarde, eu entenderia por quê  como Dono, não gostava de deixar marcas permanentes, o que nem sempre é o caso entre dominadores. Eu, porém, ainda não conhecia o vocabulário, não sabia que estava entrando de cabeça  e muito fascinada  em um mundo inteiramente novo, que iria mudar minha vida por completo. Fiquei feliz quando Rogério secou meu cabelo com secador, o que me relaxou bastante, e me levou nua para baixo das cobertas. Eu precisava dormir, sentia um sono avassalador. Ele preparou minha cama, fez com que eu deitasse e me cobriu com carinho, mas não sem antes algemar minhas mãos. "Para frente agora, minha cadelinha... assim, você pode se divertir um pouco. Eu deixo". Sorri, vagamente grata e feliz. Foi quando ganhei um beijo na testa. Não me importei nem com o fato de ele estar levando consigo as chaves das algemas e do meu apartamento em seu bolso.
IV.
Depois que Rogério se foi, naquela noite de sexta-feira, dormi como um anjo. Meu corpo latejava, como se eu houvesse feito ginástica ou uma longa caminhada por trilha de montanha. Sei que caí em sono profundo com uma estranha sensação de completude. De satisfação. Antes do sol raiar, acordei meio zonza, meio perdida, sem saber se tudo aquilo de que eu me lembrava era verdade ou só um sonho louco. Mas é claro que as mãos algemadas não deixavam dúvida quanto à veracidade das minhas memórias. Foi quando, ofegante, escorrei meus dedos por baixo das cobertas e comecei a me acariciar. "Para frente agora, minha cadelinha..."  eu me lembrava dele dizendo, de um jeito tão bondoso: "Assim, você pode se divertir um pouco. Eu deixo". Fechei os olhos e lembrei das cenas, das sensações... da língua de Tuli, das mãos de Rogério, de seu pênis dentro de mim... Não demorou muito e gozei, caindo em sono profundo logo em seguida. Algum tempo depois, acordei com um afago. Era Rogério, sentado na cama, a meu lado. "Hora de levantar, Bela Adormecida. Já são oito e meia da manhã". Ao mesmo tempo em que eu me sentia feliz por vê-lo  não sei nem por quê  também havia aquela incômoda sensação de ansiedade, de não saber o que aconteceria comigo, em que eu estava me metendo tão docilmente. E tudo isso, claro, era bastante excitante. Sorri para Rogério e deixei que ele me inspecionasse. "Hmm... você andou brincando sozinha, não? Uma menininha fogosa que você é...". Ganhei um beijo na testa, já com vontade de que ele me beijasse na boca. Mas assim são os Mestres e Donos, eles é que decidem quando, como e onde, geralmente esperando que seu bichinho lateje de desejo. "Vamos tirar essas algemas. Quero que você vista uma calcinha, uma camisola e um robe. Hoje e amanhã, nós brincamos lá na minha casa". Eu não sabia o que me aguardava. Não fazia idéia. Levantei-me com o coração batendo na minha boca, de tanta ansiedade. Já sem algemas, fiz como ele mandava. Escolhi uma calcinha preta bem delicada, uma camisola de seda preta, curta, e o robe que a acompanhava. Era um conjunto bonito, de rendas, de catálogo. Mas Rogério não pareceu muito satisfeito. "Por hoje, tudo bem, meu anjinho. Mas vamos mudar esse seu guarda roupa. Quero você sempre de cores claras, nada de preto". Fiz que sim, como uma criança. Já estava admitindo que ele falasse de nosso futuro, de mudanças de guarda roupa e tudo mais. Aquela manhã de sábado foi a primeira vez em que entrei no apartamento dele. Atravessei o curto caminho entre a minha porta e a dele enquanto Rogério trancava meu apartamento. "Calma, lindinha... calma...". Ele falava comigo do mesmo jeito que falaria com Tuli, se ela estivesse aflita para sair de casa e dar um passeio. E a verdade é que eu me sentia mesmo como uma cadela excitada para dar uma volta. Queria também sair do corredor, pois ainda tinha  naquele momento  medo de que algum outro vizinho ou os zeladores do prédio me vissem de intimidade com Rogério. De camisola, cruzando o corredor. Por isso, fique feliz de entrar na casa dele, mesmo sabendo que estava pisando em território desconhecido. "Fique aqui, linda. Eu já volto". Fiz que sim, muito obediente. Era a minha primeira visão da casa de Rogério e fiquei espantada com o que vi. Ele era dono de uma unidade maior do que a minha, estava na coluna dos apartamentos de três quartos. A sala era maior. O apartamento todo era maior do que o meu. E, para um homem solteiro, tenho que dizer que ele mantinha tudo muito limpo e arrumado. Minha primeira impressão daquela sala era a melhor possível, toda decorada com muito bom gosto e capricho. Havia um tema africano, muita madeira e ferro, sofás de couro e um barzinho ao canto. Ele tinha tevê de plasma. Nunca imaginei que meu vizinho vivesse com tanto conforto. Estava tão distraída com o que via que nem percebi quando Rogério aproximou-se. "Venha cá, anjinha. Tenho uma coisa para você". A coisa em questão era uma coleira. Meus olhos arregalaram-se de espanto  tamanho espanto que eu não conseguia articular nenhuma palavra. Nada. "Você se acostuma logo, eu prometo". Mais tarde, eu aprenderia que meu Dono tinha um jeito muito gentil de falar comigo, diferente da maioria. Ele fazia o que queria. Se eu não obedecesse, seria punida. Mas, ao falar comigo, era sempre como se estivesse me dando garantias de algo  tentando me convencer, entende? E foi desse jeito que deixei que colocasse a coleira no meu pescoço  uma coleira feita para um pescoço humano, muito bonita e enfeitada. "Agora venha. Vamos tomar café da manhã". O café da manhã dele era na cozinha  uma cozinha decorada por arquiteto. Em breve, eu descobriria que ele era o arquiteto. Essa era a sua profissão. A cozinha havia sido desenhada por ele  era uma de suas especialidades. Tudo muito bonito, muito clean. As coisas iam fazendo sentido na minha cabeça. Rogério não gostava muito de cores escuras. Sua cozinha era toda clara, com a linha branca em aço escovado. Acho que nunca vi uma cozinha tão bonita assim. Vi que seus trabalhos eram muito em ferro e madeira clara, o que dava um ar rústico e cosmopolita ao mesmo tempo. "Vamos, anjinha. Sente-se". Ele apontava para o chão, ao lado da mesa do café. Meu coração batia loucamente no peito, mas me fiz como ele indicava. "Muito bom. Boa menina. Boa menina". Ganhei um afago. Eu realmente já estava gostando muito daquele "boa menina", e mais ainda dos afagos. Tuli não demorou a aparecer e tomou seu lugar ao meu lado. Estávamos, ambas, aos pés de Rogério, ele sentado à sua farta mesa do café, ocupado em ler o jornal. "Sabe, Heloísa?, vamos mudar um pouco essa sua alimentação. De hoje em diante, vou eliminar carne do cardápio, isso não faz nada bem para uma cadela bonita como você. Quero que você coma mais frutas, legumes e verduras. Pela manhã, vou dar um preparado de proteína que vai substituir a proteína da carne vermelha". Ouvia aquilo com interesse. Rogério lia o jornal e ia nos dando pequenos pedaços de comida  biscoitos caninos para Tuli e um pedaço de fruta para mim. Queijo branco. Torradinhas pequenas, besuntadas com uma pasta natural. Eu estava com fome e aceitava aqueles pedaços com muito gosto. "Carne apodrece nos intestinos, não faz nada bem para a pele. Você vai ver como o seu cabelo vai melhorar. Unhas, pele, cabelo... tudo melhora". Fiz que sim, mansamente, abocanhando um pedaço de mamão doce com que ele me alimentava. "Você é uma garota muito bonita. Tem um rosto bastante delicado. Rosto de boneca... parece que foi feito à mão. Muito bonita mesmo". Sorri, encabulada. Estava ganhando um afago e isso era muito bom. Ele me achava bonita, gostava dos meus seios, gostava de minha vagina  se me contassem, algum dia, que eu ficaria feliz de ouvir que a minha vagina era quente, macia, que parecia uma esponja sugando um pênis como um bebê faminto, eu jamais acreditaria que tal coisa me faria feliz. Mas a verdade é que Rogério me disse tudo isso, de seu jeito meigo e paternal, e eu fique, de fato, muito, mas muito feliz. Minha vagina o agradava. Meus olhos ficaram marejados de lágrimas. Quando terminamos o café, ele levou-me para a área de serviço. "Sente-se aqui, anjinha... vamos cuidar desse seu cabelo". Sentei-me na cadeira que ele havia deixado lá. Pensei que ele iria me pentear ou coisa parecida, mas Rogério voltou com uma tesoura na mão. "Não, Rogério... por favor... não... o meu cabelo...". Ele me fez um sinal para que eu me calasse. "Não, não, minha cadelinha. Nada disso. Vou cortar o seu cabelo e não quero que você se mexa". Comecei a chorar de mansinho, bastante trêmula. Não sei por quê, mas... cortar o meu cabelo era algo que me chocava mais do que me fazer ficar sentada sobre os meus joelhos, no chão, para tomar o café da manhã. Acho que eu tinha medo que ele me deixasse careca ou com cara de prisioneiro de campo de concentração. Rogério me fez um afago e dividiu meu longo cabelo castanho claro em gomos, prendendo os gomos com grampos. E deu o primeiro pique. Ouvi o ruído da tesoura ceifando meu cabelo, que eu adorava  ela comprido, macio, sedoso, encaracolado suavemente nas pontas. Quando abri os olhos, havia uma mecha no chão. Uma longa mecha no chão. "Boa menina. Boa menina". O corte do cabelo levou algum tempo porque Rogério é uma pessoa bastante perfeccionista. Só terminou quando ficou satisfeito. Ergueu meu rosto marejado de lágrimas segurando delicadamente o meu queixo e me sorriu. "Linda". Eu tinha medo de saber o que aquele "linda" significava, já que ele me havia achado linda em uma circunstância bastante horripilante  toda babada, suada, com a maquiagem derretida e ainda por cima descabelada. Parecendo uma viciada em drogas. "Venha ver". Vi a quantidade de cabelo no chão e me assustei. Minha cabeça parecia leve, leve demais. Eu esperava pelo pior quando ele me levou ao lavabo da sala. "Que tal?". Que tal? Meu coração deu um pulo. Ele havia cortado meu cabelo um pouco abaixo da linha do queixo, com as pontas repicadas. Era algo como um chanel, só que bem moderno e não tão bem comportado. Eu nunca havia usado nada tão curto assim, por isso estava estranhando meu rosto no reflexo do espelho. Mas não seria nada de horrível e não iria me causar nenhuma vergonha ao sair na rua. "Linda"  ele sentenciou, me fazendo um afago. Agora, eu entendo o ritual de passagem. Mais do que tudo, Rogério estava me despindo da minha identidade de "Heloísa bem comportada", de "Heloísa antes de conhecer Rogério". Era uma transformação na alma. "Vamos, anjinha... temos que cuidar desses seus pelinhos". A mão grande e macia encontrou o vão entre as minhas pernas e me fez um afago. Eu já estava bem molhada, pois toda aquela ansiedade estava mexendo comigo. Os dedos de Rogério percorreram o pano encharcado e me causaram um calafrio pela espinha. Meu grelo estava ficando duro, pronto para um carinho. "Minha lindinha... tão excitada... e nós nem começamos a brincar... Venha cá, eu vou lhe dar um alívio...". Aninhei-me em seus braços e deixei que me envolvesse em seu abraço de urso. Sabia o que ele ia fazer. A mão entrou em minha calcinha e passou a me bolinar. Era mágico, maravilhoso. Um delírio. Eu gemia, meu rosto abafado naquele peito gigantesco. Os dedos brincavam na minha rachinha, que pingava de desejo. Depois, chegaram ao grelo, que pulsava loucamente. Gozei na mão de Rogério, só dele me tocar. E gozei mais ainda quando os dedos fecharam-se ao redor do meu grelo inchado e pulsante, com um beliscão feroz que me fez perder todo o fôlego de dor. Ele apertava a carne, torcia e puxava. Gritei, gemi, estava enlouquecida. Eu me debatia contra aquele corpo forte que me agarrava com tanta facilidade e, entre a dor, o desespero e a impotência, gozei com vários espasmos. Eu existia ali, no meu clitóris apertado, que latejava nos dedos de Rogério. Foi magnífico. "Boa menina... boa menina..."  ele me disse, com um beijo na testa. Do lavabo, fomos para um quarto que se parecia mais com uma pequena academia de ginástica. Eu caminhava nos braços de Rogério, já nem ligava mais para a coleira no meu pescoço. Fiquei feliz quando ganhei outro beijo carinhoso. "Deite-se ali, anjinha. Vamos cuidar agora desses seus pelinhos. Não são muitos, mas cadelinhas têm que ser lisas... é mais higiênico". Mais uma vez, ele estava sendo gentil, pois eu não tinha nenhuma saída a não ser deitar-me no que me parecia ser um aparelho de ginástica. Na verdade, era uma maca. Rogério prendeu meus braços para trás, com algemas, que ficaram presas à borda de metal ao redor de onde minha cabeça estava. Das laterais debaixo saíram pés, como os de uma maca de ginecologista. Eu deveria estar ficando louca, pois aceitei tudo isso. Aceitei que ele tirasse minha calcinha e prendesse minhas pernas, uma em cada pé lateral, as duas amarradas  de um tal modo que, agora, eu não podia mais me mexer. "Você tem pouquinho pêlo, mas pêlo é ruim de qualquer modo, mesmo pouco. Uma cadelinha tem que ficar sempre lisa e cheirosa para o seu dono". Não sei o que me deu. Acho que, na hora, pensei que ele usaria creme e lâmina de barbear, por isso não me apavorei tanto. Mas não foi bem assim que Rogério planejou aquela sessão de depilação e eu logo senti um forte odor doce. Quando ele apareceu com pincel e uma panela elétrica, entendi que não seria nada tão simples. Fiquei nervosa do jeito que agora eu ficava, arregalando os olhos de desespero, mas sem conseguir balbuciar qualquer palavra. Estava amarrada, presa e não tinha como me defender. Ele iria me depilar com cera quente. "Não se mexa, anjinha, para eu não errar. Senão, você pode se machucar". Eu iria me machucar de qualquer jeito. Porque, quando a primeira gota de cera pingou em minha pele branquinha, gritei de dor  o que me valeu uma bofetada, um afago e uma gag ball. "Depois, vamos cuidar desse seu hábito ruim de gritar, Heloísa". Meu pavor era tamanho que gozei  assim, sem ele sequer me tocar. Rogério viu o efeito que o seu tratamento estava me causando, não tinha nem como eu esconder. "Sua bocetinha está brilhando de tesão, meu anjo". E devia estar mesmo. Eu tenho pouco pêlo mesmo. Na minha família, as mulheres quase não têm pêlo algum e os homens são bem lisos. Alguns, até, mantêm a cabeleira farta em idade avançada sem ter um fio de pêlo no peito. Meu irmão, Hugo, sempre foi bem liso, a ponto de a noiva dele me confessar que essa havia sido a primeira coisa a lhe chamar atenção  ficara intrigada, sem saber se aquele rapaz se depilava. Hugo nunca se depilou. Seu corpo era do jeito que um nadador adoraria ser. Eu tive alguns pêlos quando comecei a menstruar, mas usando cera fria nas pernas, perdi quase todos. Há anos não me depilava. Na minha genitália, eu não usava gilete nem nada, só aparava os poucos pêlos com uma tesourinha de vez em quando. Por isso, a necessidade de ser depilada com cera quente era preciosismo  e Rogério foi mesmo precioso em seu trabalho. Passou cera em todos os cantos, me causando profunda agonia por causa da quentura. Eu urrava por baixo da gag ball e quase desmaiei  o que não aconteceu porque, quando eu comecei a perder os sentidos, Rogério deu o primeiro puxão. Foi horrível. Não tão horrível quanto o calor da cera, que arrancava lágrimas dos meus olhos copiosamente, mas bastante horrível. Meu corpo se contorcia loucamente, e eu teria chutado Rogério ou caído daquela maca se não estivesse tão firmemente amarrada. "Está ficando ótimo..."  ele dizia enquanto puxava a cera. A cada puxão, eu pensava que a minha alma estava sendo arrancada pela minha genitália. Achei que ficaria deformada, com cicatrizes e marcas de queimadura. Mas Rogério é um profissional em tudo que faz e sempre soube dosar a temperatura da cera  quente o bastante para arder mas sem provocar queimaduras com marcas. Eu, muito branquinha, queria morrer. Ele ainda resolveu fazer "retoques", para remover tudo. A coisa toda pareceu tomar uma eternidade. Ao final, eu estava exausta, abatida e completamente molhada. Minha vagina pingava com meus sucos e com gozo. Não sei como meu corpo fazia isso, parecia estar descolado da minha cabeça. "Pronto... perfeito... não foi tão mal assim, foi?". Senti os dedos dele entrando em mim  dois, que escorregaram sem dificuldade para dentro da minha vagina. Eu ardia toda, ardia muito  os pêlos arrancados arrebentam pequenos vasos linfáticos e o resultado é que você fica vermelha e ardida, sentindo a quentura do sangue por baixo da pele. Mas, naquele incômodo insuportável, os dedos de Rogério me levaram a um estado de excitação que eu nem sei explicar. Era uma delícia. Estava chorando e comecei a rir ao mesmo tempo, meio engasgada com a gag ball. "Pobrezinha da minha cadela... tão molhadinha...". Ele removeu os dois dedos que gentilmente me estocavam para introduzir o terceiro. Ah, que coisa! Eu estava perdendo a consciência, a razão, a idéia de quem eu era e do quão absurda aquela situação ficava a cada momento. Tudo que importava eram aqueles três dedos dentro de mim, fazendo com que eu pulsasse violentamente. "Sabe o que eu sinto?"  ele disse, enquanto me fodia com movimentos ritmados e gentis: "A sua vagina é toda quente... parece uma esponja... vai sugando os meus dedos... como uma boca, entende...?". As palavras iam ficando cada vez mais vagas. Eu revirava os olhos, gemia, chorava, ria, gozava. E ele, me fodendo com três dedos, resolveu introduzir o quarto. Quatro dedos grandes, pois sua mão é grande. Macia, mas grande. Doeu, apesar de eu estar dilatando aos poucos, e da abundante lubrificação. Gemi, me debatendo, mas aquilo era inútil. Não podia me mover mesmo e os quatro dedos, naquele movimento de vai e vem, vai e vem, vai e vem, foram me deixando louca de tesão. A dor ia passando aos poucos e sendo substituída por espasmos de prazer. Eu contraía toda. "Que delícia, anjinha... que delícia...". Ele adorava me ver daquele jeito, abandonada ao meu corpo, perdendo minha identidade, meus medos, minhas inibições. Quando gozei, ele puxou a mão levemente e introduziu seu quinto dedo  o polegar, que fez toda a diferença. Era demais. Os quatro me pressionavam a abrir em linha reta. O polegar, pela sua posição, arregaçava na largura. Senti que seus movimentos eram gentis, pouco a pouco, sem qualquer brutalidade. Rogério queria me levar ao limiar da dor e me trazer de volta afogada em prazer, por isso não era grosseiro. Enquanto me fodia com os cinco dedos, curvou-se sobre mim e começou a me chupar os peitos. Por um momento, os cinco dedos pararam, estacionados dentro de mim. Era o meu corpo que se contraía agora, com espasmos cada vez mais fortes, enquanto ele me chupava, lambia e sugava. Eu gemia, mas os meus gemidos, por trás da gag ball, mais pareciam ganidos de prazer. Havia virado uma cadela mesmo, au grand complet. Até ganir eu já gania. Quando eu enfim gozei, ele tirou sua mão dentro de mim. Eu o havia melado de secreções e de gozo, gozo viscoso, de um jeito até embaraçoso. "Por hoje é só, anjinha... não vou enfiar a minha mão toda em você porque não quero te alargar tanto. Agora chega. Vamos, eu vou te dar um banho". Eu estava completamente trôpega quando Rogério me desamarrou e tirou a gag ball da minha boca. Era como se houvessem me dado um porre e uma surra de cassetete no corpo todo. Mas, de algum modo, minha libido estava pacificada. Eu havia gozado como uma alucinada e fiquei grata com o meu Dono, que me pegava gentilmente no colo. Sorri, feliz. Acho que já estava apaixonada por Rogério, pelo modo como me recolhia da cena do crime, tão forte, tão doce. Era o meu torturador e o meu salvador, tudo ao mesmo tempo. Eu estava literalmente em suas mãos. Fui banhada na banheira. Enquanto ele preparava o banho, deixou-me deitada em sua cama de casal, que era muito grande e bastante confortável. Tuli me olhava atentamente, talvez me achando uma maluca. Ou com ciúmes, não sei. Porque, com o tempo, eu descobriria ter ciúmes dela e da atenção que ganhava de Rogério  daí achar que, talvez, a recíproca também fosse verdade. Quando o banho ficou pronto, numa deliciosa banheira de spa, Rogério pegou-me no colo de novo e me depositou naquela água morna com cuidado. Eu o olhava com adoração, do jeito que uma cadela olha para o seu dono, achando que não existe ninguém melhor nem mais maravilhoso no mundo inteiro. E Rogério me sorria de volta, acariciando meu corpo macerado com uma suave esponja. "Você é muito linda, minha cadela... e eu sei que a vida tem sido má ultimamente, não tem...? Você anda sozinha, não anda?". Fiz que sim. "É, eu sei... uma cadela como você não pode ficar sem dono. É ruim. Dá uma sensação de vazio muito grande, não dá?". Fiz novamente que sim, já com lágrimas nos olhos. Ele me entendia. "Eu sei, linda... mas eu ando atrás de uma cadela para cuidar. Não é uma coincidência? Já tive várias, e as últimas não eram muito boas". Não faço idéia do que aquilo queria dizer, mas eu o ouvia. Atentamente. "Nenhuma tão linda e tão doce quanto você... nenhuma que desse vontade de trazer para casa e criar...". Muito depois, eu descobriria que Rogério havia sido casado anos a fio com uma médica, namorada dos tempos de faculdade, e que, com o passar dos anos, com o casamento e a rotina, eles começaram a apimentar o relacionamento  não muito diferentemente do que havia acontecido comigo e com André. Mas, enquanto ele ia desenvolvendo seu lado dominador, ela foi despertando para o fato de se sentir mais atraída por mulheres do que por homens. O casamento ruiu e Rogério, depois de então, teve várias namoradas, muitas das quais não demonstravam nenhuma inclinação para o sado masoquismo. Então, com o tempo, ele abandonou as namoradas e passou a freqüentar o meio. Chegou a ter uma série de cadelas, escravas e dominadas, muitas das quais casadas. É incrível como um reconhece o outro na multidão  o que quer dominar e o que quer ser dominado. Existe um ímã natural entre as duas polaridades. Rogério conheceu várias cadelas. Parecia um adestrador profissional. Treinou muitas, mas ainda não tinha a sua. Acho que era uma questão de química. E a química estava acontecendo entre nós. Saí daquela banheira renovada. Já era uma cadela e sentia-me agora uma cadela com dono. Rogério passou creme hidratante no meu corpo, que foi como uma massagem relaxante. Ele me penteava, secava meus cabelos agora curtos. Colocou a coleira no meu pescoço e disse para que eu me deitasse e descansasse. Ele iria levar Tuli para passear. Aquilo partiu o meu coração. Olhei para Rogério com um ar de criança abandonada, decepcionada, e ele me fez um afago  "Não, minha linda, você ainda não está pronta. Deite-se". Ele queria que eu me deitasse em sua cama. Cobriu-me e, antes de me dar um beijo de despedida, algemou-me à cabeceira. "Bem quietinha, Heloísa. Não quero me aborrecer com você. Estamos entendidos?". Fiz que sim. Não queria ficar longe dele, não queria que fosse embora. Mas Rogério foi-se e eu, muito cansada, acabei dormindo. Feliz.
V.
Quando acordei, Rogério já estava de volta. Foi ele que me fez um afago e disse que era hora de me levantar. Eu tinha que almoçar. Tinha? O engraçado é que eu nem sentia fome. Mas me levantei. As algemas foram removidas e ele deu-me uma calcinha para vestir. Uma calcinha minha. Tinha a chave do meu apartamento, entrava e saía quando bem entendia. Essa era a minha nova realidade. Vesti a calcinha e, enquanto o fazia, vi o meu reflexo no espelho. Estava nua, de cabelo cortado e absolutamente lisa na boceta. A visão era estranha, não era a Heloísa que eu conhecia. Era outra mulher. Minha boceta ainda estava vermelha da depilação e um tanto inchada, mas já voltando ao seu aspecto normal. "Faremos isso duas vezes por mês. Acho que é o que basta"  ele me garantiu, percebendo que eu havia ficado impressionado com a imagem do meu corpo. Duas vezes por semana me pareceram um exagero mas uma parte de mim chegou a ficar excitada  não eram os pêlos, era o ritual. Eu queria o ritual. Estava ficando mesmo louca, porque havia gozado com aquela dor. Como no café da manhã, comi aos pés do meu Mestre. Ele me fez ajoelhar ao chão e sentar sobre as pernas. Comi pedaços que ele me dispensava, e que já eram a minha dieta. Frutas variadas  mamão, melão, maçã, morango, pêra, melancia , tudo picadinho em pequenas porções. Depois, as verduras. Rogério havia temperado uma salada dessas bem coloridas e foi me alimentando daquele mesmo jeito. Tuli, a meu lado, ganhava pedaços de sua ração. Eu já começava a olhá-la com algum ciúme. Uma vez terminada a salada, ganhei comida japonesa. Rogério havia comprado sashimis para mim  atum, salmão, robalo. Mergulhava os pedaços em molho de soja e os dava em minha boca, ordenando que eu o lambesse e chupasse o molho, limpando seus dedos. Isso era muito gostoso e muito erótico  aos poucos, fui ficando molhadinha. Meus seios intumesciam, com os biquinhos rosados bem durinhos. Dali por diante, eu nunca mais comeria carne vermelha. De frango, só às vezes. Arroz e feijão seriam eliminados do cardápio. Pão também, a não ser pelo integral. Como sobremesa, geralmente eu ganharia sorvete de iogurte ou gelatina em cubinhos, num pratinho de louça. Se tivesse paciência, Rogério me daria os pedaços de gelatina na boca. Senão, deixaria o pratinho no chão. "Coma, minha anjinha. Coma tudo". Como uma cadela, eu abocanhava os pedaços de gelatina do pratinho, ou lambia o sorvete de iogurte. Meu suco, da mesma forma, ou ele me dava na boca, ou derramava o conteúdo num pratinho fundo, desses de cachorro  só que muito bonito, cor de rosa, só para mim. Tuli tem os dela. Os meus são realmente meus. Depois do almoço, ficamos vendo televisão por um bom tempo. Rogério, no sofá, e eu no tapete, sentada a seus pés, com a cabeça em seu colo. Tuli deitou-se não muito longe de mim. Por um bom tempo, fiquei feliz com os carinhos que recebia. Rogério brincava com os meus cabelos, me fazia afagos. Quase cochilei, de tão bom. Fui ficando zonza, totalmente abandonada ao meu querido Rogério, quando ele segurou meu queixo e ergueu meu rosto. "Anja, nós nunca nos beijamos. Venha cá. Quero saber qual o gosto que o seu beijo tem". Sorri. Meus lábios abriram-se suavemente para os dele. Eu também estava louca para conhecer o gosto daquela boca que me falava com tanta gentileza. Deixei que ele me explorasse, que sentisse meu gosto. Estava extasiada com o dele. Nossas línguas encontraram-se, enroscaram-se e acariciaram-se mutuamente em um longo e delicioso beijo. "Que delícia... agora, minha linda, dê um pouco de prazer ao seu dono... quero sentir essa sua boquinha tão doce aqui...". Fui eu que abri o zíper da calça e tirei o pênis de dentro da cueca. Já amava aquele pênis. Queria muito beijá-lo e o fiz, meigamente. "Heloísa..."  ele suspirava e gemia, contente: - "Assim, vai...". Beijei o pênis do meu Dono como se estivesse beijando seu rosto. Quando ele pediu para que eu o lambesse, lambi. Lambi com gosto. Como quem lambe um delicioso sorvete. Aquilo o fez fechar os olhos e saborear o momento, puxando minha cabeça para mais perto. Lambi o pênis que crescia em minhas mãos, lambi as bolas, lambi a cabeça  de onde já brotavam seus sucos. Não demorou muito e ele me disse, com a voz rouca de desejo, para que eu pusesse o pênis em sua boca. "Chupa, Heloísa... chupa...". Ele dizia "meu pau". Sorri, feliz. Abri minha boca e deixei aquele pau entrar, usando toda saliva que eu tinha. Eu queria muito agradá-lo, então chupei devagar, sem pressa, sorvendo-o deliciosamente. Estava ficando excitada com tudo aquilo, sobretudo com os gemidos de prazer do meu Dono. Pensei que iria gozar em minha boca, mas Rogério me fez parar a tempo e me puxou. Queria que eu o montasse. Livrei-me da calcinha ao mesmo tempo em que me levantava, agoniada. Estava tão excitada quanto ele e queria muito senti-lo entre minhas pernas. Quando sentei-me em seu colo, o pau deslizou em minha vagina com bastante facilidade. Rogério estava alucinado, dizia que a minha boceta era como uma boca quente, sugando seu pau para dentro de mim. Eu ficava louca ao ouvir essas coisas, ficava louca de tesão por meu corpo estar agradando o corpo do meu Dono. Estávamos engatados e eu ficaria engatada naquele homem o dia todo, subindo e descendo, subindo e descendo, sem parar. Senti sua boca me beijando no pescoço, me beijando, me beijando, me mordendo, me mordendo... gritei... mas era bom, era bom demais... senti suas unhas em minhas costas... oh!, ele me arranhava... que delícia! Senti as palmadas em minhas nádegas... palmadas fortes, vigorosas, sonoras... doía... doía... doía... gozei. Agarrei-me ao pescoço de Rogério e gozei. Enquanto gozava, ele agarrou meu seio e apertou a carne tenra em sua mão. Meu corpo se debatia em espasmos... o apertão doeu, mas... oh, era bom... era bom... ele estava me agarrando... apertando... cravou os dentes em meu rosto e me mordeu... foi quando gozou... gozou muito, gozou violentamente, também em espasmos... agarrado a mim... me mordia, me arranhava... Foi a glória. Aquela trepada acendeu seu tesão. Levou-me para o quarto  queria brincar. Eu o seguia avidamente, querendo brincar. Nem sabia do que se tratava. Deitei na cama e Rogério logo me amarrou à cabeceira. Usou as algemas que me excitavam tanto. Quando me dei conta, ele voltava com algo engraçado em suas mãos. "Vamos brincar, minha cadelinha... se você gritar, vou amordaçar a sua boca". O que iria usar em mim eu já tinha visto em sex shops. Bolinhas tailandesas  cinco delas, até que não tão grandes, mas todas para serem usadas no meu ânus. Ao fim da corda, o acabamento era parecido com um rabo de cavalo. "Comprei essas na Tailândia... estão novinhas". Sorri debilmente, feliz com a honra. Ele lubrificou a primeira das bolas lambuzando-a em minha vagina, de onde pingava meu gozo, o dele e todas as secreções que escorriam de dentro de mim. "Agora, relaxe...". Eu já havia aprendido a ser bem cooperativa. Virei-me de bruços, fiquei de quatro e empinei meu bumbum. "Boa menina... boa menina...". Rogério me fez um afago e logo tratou de forçar a primeira bolinha pelo meu ânus. Não foi tão fácil quanto eu esperava, mas meu rabinho logo acomodou a primeira bolinha. Soltei um gemido de dor, ganhei outro afago e logo veio a segunda bolinha. Depois da primeira, a segunda entrou mais fácil, só que eram duas agora  eu sentia menos dor do que uma pressão forte no meu reto. Comecei a ficar agitada, mas Rogério brincou um pouco com meu grelo, que logo inchou em sua mão. "Calma, linda... calma...". Gemi satisfeita, estava gostando do afago em meu grelinho que latejava tanto, mas Rogério não me fez gozar. Parou antes e forçou a quarta bolinha para dentro. Eu enterrei o rosto no travesseiro e urrei de um jeito que nem eu mesma sabia se era de dor ou de prazer. Mas o fato é que quatro bolinhas faziam bastante pressão e me davam a idéia de que aquilo poderia se perder dentro de mim. Fui ficando angustiada com a idéia daquelas bolinhas entalarem, mas não deu nem tempo para reclamar, porque a quinta entrou mais fácil do que todas as outras. "Ah, que maravilha...!". Cinco bolinhas e, do meu ânus, brotava um rabo. A cadela do Rogério. Ou uma égua fogosa. "Vamos brincar um pouco, linda...". Eu não sabia o que ele tinha em mente, mas estava bem inquieta, gemendo com o rosto no travesseiro. Ofegava de ansiedade. Foi quando Rogério ficou de joelhos atrás de mim, na cama, e me penetrou na vagina. Juro que pensei que iria explodir. As bolinhas pareciam competir pelo espaço com o pênis que avançava pelo canal vaginal. A pressão era maior e mais enlouquecedora do que a dor propriamente dita. Meu macho me cobria como um garanhão cobre a égua no cio. Estava sem fôlego. Rogério agarrava meus quadris e me estocava impiedosamente. Eu tinha a impressão de que seria rasgada, que as bolinhas iriam sair pelo meu ânus, que não resistiria e morreria em meio àquela trepada animalesca. Mas, no auge do que seria a minha morte, os espasmos de prazer começaram a despontar. Eu gemia, chorava, ria, gozava. Parecia uma louca. Estava sendo cavalgada, estava algemada, estava com bolinhas no meu cu. Gargalhei. Heloísa, a cadela. Vaca, égua, cadela... não era mais nada... só uma cadela... uma cadela gozando... uau... fechei os olhos, mordi o travesseiro e comecei a gozar. Gozei em ondas, em espasmos violentos. Meu corpo pulsava todo. Não demorou muito e Rogério também gozou, esporrando seu sêmen quente na minha vagina. Éramos dois animais e um único corpo. Por um momento, ficamos inertes. Eu não tinha forças, ele tampouco. Tombei para o lado, caindo em seus braços. Ouvia Rogério ofegante respirando em minha nuca, sentia o corpo suado me abraçar. "Ah, Heloísa... que delícia... que maravilha...". As mãos que me haviam surrado agora acariciavam meu lombo. Foram escorregando até o rabo que brotava do meu ânus. "Que cadela você é...". Sorri, feliz. Estava tão contente que nem esperava pelo puxão no rabo  o que fez a última bolinha sair de dentro de mim. Gemi de susto, gemi de prazer. Meu corpo inteiro formigava, eu não tinha forças para resistir, protestar, lutar. Outro puxão arrancou a quarta bolinha e eu parecia fora de mim. Os espasmos estavam voltando. Minha boceta enchia-se dos meus sucos novamente. "Goza, cadela... que isso é bom...". Puxou de novo, tirando mais uma bolinha. Eu apertava as pernas, querendo gozar com aquela pulsação insana em meu grelo. "Mais uma... pede, cadela... implora...". Eu estava fora de mim. "Tira... puxa... puxa...". "Pede direito, cadela!". Eu ofegava, nem conseguia raciocinar direito. Levei um tabefe na bunda que ardeu loucamente. "Meu dono... por favor... tira... tira...". "Muito bem, cadela...". Outro puxão libertou a penúltima bolinha e eu já estava gozando. Ria que nem uma louca. Foi quando ele puxou a última bolinha  a primeira que havia enfiado no meu cu, e que saiu com um pequeno estampido. Senti Rogério erguer minha perna. Eu estava deitada de lado e não resisti. Estava indócil, gemendo e implorando. Rebolava, querendo ser encaixada, querendo ser coberta de novo. Quando aquele pênis adorado começou a deslizar para dentro de meu ânus, comecei a rir de prazer. O vazio deixado pelas bolinhas estava sendo preenchido de novo. Rogério não teve dificuldade de seguir todo o caminho até enterrar-se todo dentro de mim. "Cadela... cadela...". Não sei por quanto tempo fiquei ali, sendo enrabada pelo meu Dono. Pareceu uma eternidade. Não havia mais dor, não havia mais pressão incômoda, não havia sequer desconforto. Eu estava em êxtase em adorei cada momento. Meu corpo não resistia  rebolava em direção ao corpo de Rogério. Ele meteu, meteu fundo, grunhiu de prazer e me encheu de sua porra. Por preciosos segundos, pulsamos juntos. Eu sentia o sangue correndo pelas minhas veias, atravessando os vasos em minhas têmporas. Era uma absoluta loucura. Rogério recuperou-se primeiro do que eu. Levantou-se dizendo que precisava tomar um banho. Fez-me um afago, mas eu estava mais morta do que viva. Feliz, mas mais morta do que viva. Quando me dei conta, meu Dono estava passando algo entre as minhas pernas, ao longo de toda minha rachinha. Olhei para ele, zonza e confusa. "Vou tomar um banho e cuido de você logo depois, anjinha... você pode continuar brincando mais um pouco... vou lambuzar bem esse seu cuzinho maltratado...". E riu. Eu sentia mesmo aquela coisa viscosa sendo espalhada por toda minha genitália. Havia um cheiro de bacon no ar. "Tuli adora esse sabor". Tuli? Olhei para Rogério. Ele me sorria. Já nem sei mais por que eu ofegava daquele jeito  de medo, é verdade. De nojo. De nojo de mim mesma. Porque, por mais que eu achasse aquilo errado, eu queria ser lambida. Estava algemada à cabeceira da cama e abri as pernas, rubra de vergonha. Era como se eu pedisse para ele me lambuzar mais e mais, até acabar com todo o pote do que quer que aquilo fosse. Ração de cachorro, eu acho. Rogério passava aquela coisa gordurosa e me fazia uma massagem, algo que me deixava acesa e cada vez mais pronta para Tuli. Oh, eu era uma depravada, uma cadela... uma verdadeira cadela... Ouvi o assobio e Tuli não custou a aparecer. "Papá, garota. Papá". Eu estava coberta de ração com sabor de bacon. Rogério havia feito uma trilha para a língua de Tuli e eu, mortificada, odiando a mim mesma, deixei que aquela pastora alemã me dominasse. A imensa língua lambeu meu rabo como um longo e prazeroso carinho. Em meu desvario, eu tinha uma vaga idéia do que se passava ao meu redor. Ouvi o chuveiro sendo aberto, ouvi Rogério assobiando uma canção... mas nada, nada tinha mais importância do que a língua de Tuli. Abri as pernas e deixei que ela me lambesse na vagina. Eu gozava como uma demente, revirando os olhos, gemendo e arfando. A língua ia do cu à vagina e foi limpando toda a ração. Quando me dei conta de mim mesma, eu oferecia meu grelo à sanha da cadela. Rebolava para que ela começasse a me lamber mais para cima. Devia estar ficando maluca. Meu grelo latejava muito e praticamente explodiu de prazer na língua daquela cadela. Eu me esfregava no focinho, pedia, implorava. Tuli, garota... me lambe... assim... vai... Gemi de raiva quando ela abandonou o grelo para começar a me lamber os seios, justo quando eu gozava. Fiquei irada, corcoveei, mas a cadela estava agora em cima de mim, lambendo meus peitos. Oh, era uma delícia... meus biquinhos ficaram tão duros que doíam... eu ria, apertava meus lábios, gemia... Senti um afago na cabeça. Era Rogério, já se vestindo. Eu nem havia percebido que ele terminara sua longa ducha quente. "Gozando, cadelinha...?". Fiz que sim, extasiada. Prendia meu lábio entre os dentes, revirava os olhos e gemia. Meu Dono pegou o pote de ração e passou o resto ao longo da rachinha. Tuli, incansável, e muito gulosa, entendeu a mensagem. Aquilo continuou pelo tempo que ela quis, não sei quanto. Sei apenas que fiquei ali entregue àquela cadela incansável, cuja língua me levava à loucura. Eu sentia meu corpo tremer com os espasmos, gozava, caía desfalecida e logo reacendia para mais uma onda de gozo, porque Tuli mesmo não parava. Acho que eu já estava limpa da ração quando Rogério finalmente a afastou com um comando de assobio. "Já chega". Por mim, não. Por mim, podia continuar pelo tempo que fosse necessário. Mas Rogério queria que eu tomasse banho. Bastou que ele removesse as algemas e me fizesse levantar da cama para eu ser tomada por um senso de profunda vergonha. Chorei de mansinho, apoiada em seus braços. "Não se preocupe, anjinha... eu deixo você e a Tuli brincarem mais da próxima vez...". Não era bem isso o que me desesperava. Eu sabia que sim. Sabia que sim e desejava isso. Mas sentia muito nojo de mim e me achava doente por ter tanto prazer com um animal. O banho foi ótimo, pareceu lavar tanto o meu corpo quanto a minha alma. Eu mesma me limpei debaixo do chuveiro, onde a água quente acariciava minha pele com uma deliciosa comichão. Eu estava me perdendo nas mãos daquele homem, estava deixando de ser a Heloísa e adorando cada minuto. Enxuguei-me com as toalhas macias e felpudas do banheiro de Rogério. Estava renovada. Passei do hidratante, penteei os cabelos. Quando ele reapareceu, fiquei feliz em vê-lo. "Terminou, anjinha?". "Terminei...". "Ótimo. Então, vou lavar você por dentro". "Por dentro...?"  estranhei. "É, por dentro. Venha, fique de quatro no chão". Meio abobalhada, obedeci. Não tinha a menor idéia do que ele estava falando. "Isso se chama enema. Vai lavar você por dentro e isso é ótimo, porque uma cadela que é fodida por trás precisa ficar bem limpa. Entende, anjinha? A sua alimentação até hoje foi muita errada, fez o seu intestino trabalhar mal... carne vermelha, muita massa... tudo isso fica dentro de você muito tempo e forma bolos fecais podres. Tudo isso vai mudar, você vai ver". Naquela posição ridícula, de quatro, que nem uma cadela, fiquei assustada. Já havia lido sobre enemas, mas não sabia o que esperar. Olhando para o chão, eu não sabia o que Rogério estava fazendo, não podia ver nada. "Relaxe, anjinha... isso vai doer bem menos do que as bolinhas, eu prometo". Suspirei, resignada. As mãos de Rogério fizeram com que eu abaixasse o meu tronco e empinasse a bunda. Meu rosto estava deitado nos meus braços, beijando o tapete do banheiro, quando ele começou a acariciar meu cuzinho. "Relaxe... relaxe... vou entrar com a cânula...". Muito gentil da parte dele me preparar para a cânula daquele jeito, mas a sensação do tubo de borracha entrando pelo meu ânus foi um susto de qualquer jeito. Tremi, ganhei uns afagos e a cânula continuou reto acima. De fato, era mais delgada e menos dolorosa do que um pênis, um vibrador ou as bolinhas tailandesas. Não tinha nem comparação. Depois daquele dia, a cânula não iria doer nada. Só era incômoda e Rogério foi bem fundo. Enfiou aquele troço pelo meu ânus e seguiu até o máximo que poderia ir. "Relaxe, minha cadela... relaxe...". Incrivelmente, eu estava relaxada. Estava e permaneci relaxada quando o líqüido começou a ser bombeado para dentro de mim. Rogério usa uma mistura de vaselina e água morna. Eu senti aquilo invadir e irrigar as minhas entranhas. "Relaxe, relaxe...". Sentado ao meu lado, Rogério ia brincando com o meu grelinho, que ia inchando e ficando cada vez mais vermelho. Aquilo era bom e continuaria muito bom se a água não começasse a me incomodar. Era muita água. Da minha posição, vi meu baixo ventre inchar. Aquilo fazia uma pressão louca dentro de mim. Parecia que Rogério queria me explodir pelas tripas, bombeando tanta água que eu romperia como uma bolsa plástica esticada ao máximo. Mas Rogério, claro, sabe o que faz. Ele parou quando tinha que parar e removeu a cânula gentilmente, o que me deixou em um estado de excitação esdrúxulo. "Não deixe o líqüido escapar ainda, Heloísa. Segure tudo dentro de você e só solte quando eu disser para soltar. Entendeu?". Fiz que sim, muito obediente, mas a verdade é que eu estava parecendo um zumbi. Ele foi para trás de mim e começou a me massagear. Começou pelas costas, de cima para baixo. E, ao chegar na base da coluna, escorregava as mãos espalmadas para meu baixo ventre. "Segure... segure...". Eu estava ficando alucinada. Aquela massagem aumentava a pressão do líqüido em minhas tripas. As mãos iam dos ombros, pela espinha, descendo pelos intestinos até terminarem na minha vulva. Ficamos nisso até que as cólicas se tornaram insuportáveis. "Rogério... não vou conseguir..."  eu dizia, debilmente, já quase perdendo as forças. "Você sente cólicas?". Fiz que sim. Meu corpo todo se contraía com as cólicas. Era a vaselina fazendo efeito. Foi quando Rogério me ajudou a ficar de pé. Ele me levou até a privada. Eu andava com dificuldade  parecia carregar um bebê dentro de mim. Quando me sentei na privada, o jato veio forte, de uma só vez. "Isso, Heloísa... solte... solte tudo...". Ele nem precisava dizer, aquela coisa tinha vida própria. Meus intestinos estavam eliminando tudo que se acumulara em seu interior. A água saiu escura e fétida. Quando terminei de eliminá-la, ele enxugou o suor de minha fronte e disse, gentilmente: "Fique de quatro de novo... vamos continuar limpando". Quis chorar, quis protestar, mas Rogério estava com o comando. Bastou um olhar seu e eu engoli meus gemidos como uma boa menina. Ele levou-me novamente para o tapete do banheiro, do mesmo jeito que antes. Não havia jeito. O processo repetiu-se mais duas vezes, com igual incômodo e desconforto. Eu estava um bagaço e precisei suportar a cânula e sei lá quantos litros daquela mistura de água morna e vaselina, até os dejetos eliminados ficarem do jeito que deveriam ficar para indicar limpeza. Rogério me carregava para a privada, eu já passando da consciência para um estado de desfalecimento. Era quando ele me despertava com sonoras bofetadas. Ninguém imagina o que é isso até passar pela experiência. Você se sente macerada, com o intestino carregado de algo que lhe provoca cólicas indescritíveis. Então, quando lhe é finalmente permitido eliminar aquela coisa de dentro do seu corpo, a sensação de alívio é como um espasmo de gozo. Ser esbofeteada enquanto jorrava água pútrida de dentro de mim era uma dádiva  o ápice do meu sofrimento e o início do gozo. Vê? Porque é desse jeito. A dor vai escalando, escalando, escalando, até chegar ao pico. Dali por diante, é a descida. E a descida é o prazer. Enquanto eliminava a água dos meus intestinos e era esbofeteada, minha mão escorregava para a carne macia entre as pernas e eu me acariciava, rindo de prazer. No final, Rogério também estava excitado com aquela cena grotesca. Tirou o pênis de dentro das calças e colocou-o em minha boca. Eu estava adernando da realidade, mas entendi o que queria. Lambi aquele pau duro e latejante, fechei minha boca ao seu redor e não precisei fazer muito mais do que isso, porque ele gozou logo  e muito. Gozou na minha boca, jorrando seu sêmen em abundância. "Engula..."  pediu, mais como uma ordem. Porra escorria pelos cantos dos meus lábios, mas engoli o que havia dentro. Engoli tudo, muito satisfeita. Acho que nos casamos naquele momento, porque Rogério tomou-se em seus braços e fomos para o chuveiro juntos. Ele me abraçava e dizia que eu era a melhor cadela do mundo, que não iriam mais me deixar sozinha. Eu o amava. Amava o jeito como falava comigo. Amava seus carinhos, suas torturas. Quando deixamos o chuveiro, foi ele que cuidou de mim. Enxugou-me, untou-me de hidratante e me fez deitar em sua cama. Eu estava tão feliz que pedi as algemas. Minha rendição era completa.
VI.
Dormi a noite de sábado para domingo na cama de Rogério. Nem todas as cadelas têm esse privilégio  na maioria das vezes, não. Quando conheci outras, fiquei sabendo das gaiolas, das casinhas de cachorro. Dos tapetinhos na área. Mas, também, outras cadelas não tinham o tratamento que eu tinha. Meu dono me possuía e cuidava de mim do mesmo jeito que cuidaria de um animal premiado, de pedigree. Eu estava tão exausta que dormi cedo. Rogério ainda demorou para aparecer, mas apareceu no quarto e deitou-se ao meu lado. Estava nu quando me abraçou. Quando acordei, de madrugada, senti-me muito contente em seus braços, feliz de ter um lugar tão bom no mundo. Naquela manhã de domingo, quando acordamos, pedi que meu Dono removesse as algemas da cabeceira da cama. "Se for da sua vontade, meu Dono, eu gostaria de agradá-lo um pouco...". Ele sorriu e fez que sim. Estava ainda mole de sono quando abriu as algemas e deitou-se de novo. Eu queria muito beijá-lo. Por isso, subi em seu corpo e dei-lhe um longo beijo na boca antes de começar a acariciá-lo com os meus lábios  o queixo, o pescoço... o colo... o peito... a barriga... e, enfim, o pau, já duro, que chupei gulosamente, com lambidas longas e marotas, até ele gozar dentro da minha boca. Era o seu leite sagrado, que recebi como uma bênção. Engoli tudo e lambi o pênis que eu já amava, querendo limpá-lo com a minha língua. "Bom dia, meu Dono..."  eu enfim desejei, abraçada a seu corpo. De pronto, procurei meu lugar. Aceitei a coleira, vesti a calcinha e fiquei sentada no chão da cozinha, sobre minhas pernas, aos pés do meu dono. Aceitei as frutas, os queijos e os presuntos magros com muito gosto. Fiquei com ciúmes de Tuli, que aguardava seus biscoitos ao meu lado. "Ssh, Heloísa. Nada disso. Má garota. Má garota". Apesar disso, ganhei um afago. Ganhei suco de laranja do copo e pedaços de torrada integral. Estava muito feliz. Pertencia tanto a Rogério que o seguia muito feliz da vida, sem me importar com o fato de ele me puxar pela coleira. Gostei muito de ele me elogiar, fascinado com a delicadeza dos meus seios. Foi quando me debruçou sobre a bancada da pia, uma dessas ilhas, onde há o fogão, os armários e o espaço para preparar a comida. Ali, ele afastou a minha calcinha e fez amor comigo  primeiro, na boceta. Depois, pingando do meu gozo, me penetrou no cu. Rogério me cavalgava com paixão, agarrando um tufo dos meus cabelos. Foi quando gozou. Eu já nem mais queria voltar para o meu apartamento. Talvez por haver acordado de forma tão inspirada, meu Dono mostrou-se bastante inspirado em suas brincadeiras. Levou-me para o quarto e disse para que eu me deitasse na cama. Quando voltou de seu closet, trazia uma caixa de madeira. De dentro, tirou algo que me pareceu um pregador de metal. "Acho que você vai adorar, Heloísa... é a sua cara". Eu nunca havia sido pregada antes. Fiquei apreensiva, mas apreensão era parte do jogo e uma das melhores pimentas. Engraçado que, sem conhecer um ritual, eu fico apreensiva, porque não sei bem o que esperar. Conhecendo, continuo apreensiva, pois sei o que esperar. De qualquer forma, toda a apreensão, toda a ansiedade, tudo isso faz a minha boceta encher-se de sucos. Bastou algemar-me à cabeceira, e colocar a gag ball, que Rogério percebeu meu estado de excitação. "Você nem imagina a visão que eu estou tendo, Heloísa... a sua vagina chega a brilhar, de tão úmida... nunca vi uma cadela excitar-se tão rápido...!". Isso me deixava feliz, muito feliz. Por isso, quando o primeiro pregador prendeu o bico do meu seio esquerdo, suportei a dor com galhardia. Um pregador de metal causa uma dor lancinante  ele é forte e prende aquele pedaço de carne com tanta virulência que lágrimas brotam dos seus olhos sem que você tenha tempo de sequer gritar. Aliás, falta fôlego. Ganhei um afago, um beijo na testa e outro pregador no seio direito. Meu rosto já estava contorcido de muita dor quando comecei a gemer baixinho por baixo da gag  estava arfante, quase sem ar. "Boa menina... boa menina..."  ele disse, afagando meu ventre. Achei que era tudo, mas Rogério trouxe algo que eu nunca havia visto antes  uma barra de metal com duas argolas, também de metal, uma em cada ponta. "Vamos prender essas suas perninhas, minha putinha...". Eu estava tão alucinada de dor nos seios que nem me importei com o que ele fazia  mas deveria. Porque uma argola foi fechada ao redor de um joelho e a outra argola, no outro joelho. Com a barra de metal no meio, eu não podia mais fechar as pernas. Estava arregaçada. E arregaçada o bastante para Rogério usar outro pregador. Dessa vez, em um dos meus lábios vaginais. Senti quando ele afastou a carne e usou o primeiro pregador. Urrei de dor, meu corpo tremendo com os espasmos. "Quieta... quieta!". Era a voz do domador domando a fera. Em cada lábio vaginal, eu levaria três pregadores. Parecia uma tortura medieval. Cheguei a desfalecer, mas Rogério acordou-me com bofetadas no rosto. Ele queria que eu estivesse acordada para a pièce de resistence: o último pregador, que me pregaria no grelo. O grelo que, aliás, já estava inchado e avermelhado, como uma cereja. Foi o que Rogério me disse, fazendo-lhe um carinho. Então, ele afastou as carnes e, puxando o grelo, me fez gozar. Gozei com o meu grelo nos dedos de Rogério  o grelo esticado ao máximo. Ele riu. "Cadela, você goza nos momentos mais estranhos!". E, dizendo isso, fechou o pregador no grelo, que ainda pulsava em seus dedos. Eu já nem tinha mais força para gritar, certamente não para me debater. Foi o pior de todos, sem sombra de dúvida. A dor era tanta que eu apenas tremia, como uma criatura alucinada ou sob efeito de drogas. Tremia, tremia, e logo veio a descida da montanha. A dor deu a volta e começou a transformar-se. Aquele pregador pregava meu grelo pulsante, ainda do gozo que havia experimentado nos dedos de Rogério. Pregado, ainda pulsava. Quando o dedo de Rogério começou a brincar com ele, delicadamente, eu já estava em frenesi. O toque suave era uma tortura, fazia meu corpo todo estremecer. "Vou aliviar sua agonia, minha cadela..."  eu o ouvi dizer. Levantou-se e, quando voltou, trazia algo em suas mãos. "Aquele seu vibrador é uma brincadeira de criança... quero que experimente isso aqui". Não cheguei a ver direito o que ele me mostrava, mas certamente senti quando o vibrador  maior e mais largo do que um pênis normal  começou a forçar a entrada de minha boceta. "Vou devagar, não se preocupe". A voz de Rogério era um delírio distante. Ele começou a brincar na minha vulva, fazendo os movimentos para ir abrindo as paredes vaginais. Aquilo era de enlouquecer. Eu não sabia se chorava de dor ou urrava de prazer. Porque o volume que Rogério pressionava aos poucos na minha vagina era uma pressão inebriante. Ele ia socando o vibrador aos poucos, até que a cabeça passou. "Adoro esse barulho... quando o pau avança na boceta molhada... tá escutando?". Eu não escutava nada, só me debatia como uma égua no cio. O vibrador, à medida que avançava pela vagina, aumentava a pressão dentro de mim. Aumentava também a pressão dos pregadores de metal nos lábios vaginais e no grelo. Eu me lembro daquele momento como se eu fosse uma única grande veia pulsando ao longo de todo meu corpo. As pulsações iam das minhas têmporas à minha genitália, tudo latejando em conjunto. "Ah, que beleza...! Espere, vou tirar umas fotos!". Àquela altura, o vibrador estava enterrado dentro de mim, ao máximo do que poderia ir. Rogério voltou com uma câmera digital e começou a tirar muitas imagens. "Cadela pregada e fodida... nossa! Que tesão! Sorria para a câmera, meu anjo!". Não sei nem como consegui sorrir, porque a gag ainda estava em minha boca. Quando, depois, vi as fotos daquela sessão, meu coração ficou aos pulos. Eu estava toda pregada, babada, com gag e com um vibrador enorme dentro da vagina, sorrindo debilmente para a câmera  em outros tempos, teria achado tudo uma tristeza, mas comecei a ver a tal beleza de que Rogério falava. Não era a beleza física, estética, mas a beleza da alma. De uma alma entregue, abandonada ao prazer da carne. Isso, sim, é muito belo. Daquele domingo em diante, passei a gostar de ver Rogério tirar fotos minhas em posições absurdas. Temos uma coleção imensa, para deleite nosso. Ao acabar de tirar as fotos, Rogério voltou ao vibrador. Ligou-o e disse que voltaria em seguida. Eu já estava passada, não conseguia parar de gozar. Ria e chorava, babando pelos cantos da boca. Não sei quanto tempo ele ficou fora, mas quando voltou, tinha algo em suas mãos. "Vamos usar outro brinquedinho, anja... tenho muitos, não posso usar tudo de uma vez...". Rogério me falava tão carinhosamente que eu já estava até ansiosa em saber do que se tratava. E logo entendi. Era um pequeno aparelhinho que emite choques de baixa voltagem. Bem baixa voltagem mesmo. Mas o bastante para tornar os espasmos de gozo ainda mais fortes. Rogério estava de pé quando aplicou o primeiro choque  encostou o aparelhinho no pregador de metal que estava em um dos meus seios e liberou a carga. Eu nunca havia levado um choque  sexualmente falando. Choques não são sensações nada agradáveis. Eu gozava com o vibrador em minha boceta e urrei de dor, perdida no limbo que une as duas pontas do espectro. O choque me fazia tremer descontroladamente com os espasmos. Causava uma onda de dor que arqueava meu corpo e, quando a dor passava, eu gozava. "Delícia, anja? Você gosta, não?". Eu não sabia o que dizer. Levei choques nos grampos dos seios, levei choques no grampo do grelo. Foi a coisa mais acachapante que eu já havia experimentado até então. No auge, dei um grito louco, como uma fera possuída. E desfaleci. Quando acordei, não havia mais o ruído do vibrador. Nem do aparelhinho. Rogério dava-me pequenos tapas no rosto. "Acorde, minha cadela... acorde!". Parecia que eu havia levado uma surra de pauladas. Meu corpo estava moído, todo mole. Senti quando o primeiro grampo foi removido  Rogério não aliviou a pressão, só puxou o grampo que prendia um dos meus seios, até que o grampo se soltou. Gritei. Foi quando me dei conta de que a gag ball havia sido removida. Eu conseguia ouvir meus gritos. "Sem grito, cadelinha. Senão, você apanha". O segundo grampo, no outro seio, foi removido da mesma maneira. Rogério puxou o grampo, levando meu mamilo e a carne macia do seio junto, até que a coisa despregava-se com um estalido. A dor era insuportável. "Vou compensar você por tudo isso, minha putinha... meu pau chega a estar duro de tesão. Já vou te enrabar". Os pregadores nos lábios vaginais também foram puxados, um a um, mas saíram mais facilmente porque minha boceta estava inundada de gozo. Por último, ele esticou meu grelo ao máximo. Aquilo, feito devagar, foi roubando o ar dos meus pulmões. Rogério pegou o pregador e fez pressão para que ele não se soltasse. Queria me esticar e esticou a carne até onde pôde, até eu não suportar mais o flagelo. E, por piedade, abriu o pregador. Caí trôpega, vencida. Incrivelmente, gozei. Da cama, Rogério levou-me para uma mesa. Eu mal conseguia manter-me de pé, caminhando em seus braços como um bêbado que troca as pernas. Ele fez-me deitar de bruços no tampo frio. Senti meus pés tocarem o chão. Sabia que ele ia me comer e aquilo me causou uma profunda alegria. Queria seu pau dentro de mim, queria gozar nele. "Tuli! Vem cá, menina! Papá!". Ah, que coisa...! Ele me esfregava aquela ração gordurosa, de sabor de bacon, misturando tudo aos meus sucos, secreções e gozos. Tuli, claro, veio abanando o rabo e não tardou a me presentear com gulosas lambidas, sobretudo no grelo inchado e torturado. Eu já estava gozando loucamente quando Rogério enfim penetrou-me pelo cu. Estávamos todos juntos  eu, ele e Tuli, que me lambia incansavelmente. Aquilo durou muito, durou uma eternidade. Porque eu gozava sem parar, Tuli não desistia da ração e Rogério arremetia vigorosamente, gozava, tomava fôlego e continuava. Quando finalmente terminamos, eu era um trapo de gente. Vi a foto depois. Eu, arrombada, ainda sendo lambida por Tuli, com gozo e porra escorrendo pelas pernas. Verdadeiramente lindo.
Epílogo Depois de tudo terminado, depois até das fotos batidas, Rogério me deu banho na banheira. Levou-me no colo como quem carrega alguém ferido. Eu estava mesmo no limiar da consciência, completamente mole e dolorida. Foi a água morna da banheira que me recuperou aos poucos, injetando nova vida nos músculos doloridos. Rogério ficou ao meu lado, com medo de que eu escorregasse para dentro da água e morresse afogada. Ligou o spa da banheira e lavou meu cabelo como uma espécie de massagem. Eu estava no mais absoluto paraíso. Poderia morrer ou existir naquele único e singular momento. Eu já era sua cadela. Fui besuntada de hidratante perfumado  baunilha. Ele passou-me creme no rosto, penteou e secou meus cabelos, aplicou ungüentos em meu ânus e ao longo de toda rachinha. Foi Rogério que me pegou no colo e me depositou na cama de casal, onde um jogo de lençóis novinhos me esperava. Rogério trocara a roupa de cama. Não sei como ou quando ele fez isso, pois me lembrava de vê-lo ao meu lado o tempo todo na banheira. Ele cobriu-me, fez um longo afago no meu rosto e ligou o ar condicionado. Disse para eu descansar. "Meu Dono...?"  gemi, num fio de voz. "O que, minha cadela?". "Um beijo... na boca...? Se for do seu agrado...". Sorriu-me. "Claro que é, anjo... claro que é". Nossas bocas encontraram-se docemente e o beijo, pela graça do meu Dono amoroso, foi longo e delicioso. Hoje, estamos casados. Namoramos por um ano, eu já morando no apartamento dele. O meu ficou alugado. Os móveis foram vendidos e o dinheiro do aluguel ia direto para investimentos em meu benefício, como vai até hoje. Devo ter uma pequena fortuna na conta, mas é Rogério que me sustenta, então nem me preocupo mais com isso. Sei apenas que, a cada extrato, vou ficando com a conta mais gorda. Não gasto um centavo comigo. Rogério, desde que me adotou como sua cadela, compra tudo para mim. Compra minhas roupas, meus cremes, meus perfumes. Compra tudo que eu consumo. Paga por todas as contas. Em breve, iremos mudar para um apartamento maior, que ele comprou há algum tempo e reformou. Fica na Barra da Tijuca, no Rio, com a vista da praia. Sabe o que é melhor? Ele sempre me leva para passear na praia. Todos os dias. Adoro. Hoje, como o cardápio que ele criou para mim, o que de fato melhorou muito a minha pele, as unhas e os cabelos. Todos os dias, tomo café aos seus pés, como o que ele me dá e bebo um copázio de uma vitamina que ele bate todos os dias, com frutas, um ovo e casca de ovo torrada e moída, que vira uma farinha fina e se dissolve inteiramente na bebida. Ele chama a receita de "mistura". Dizem que, desde que comecei a namorar o Rogério, fiquei mais bonita, mais viçosa. Até com um ar mais de menina. Pode ser. Minha família estranhou muito o nosso romance. Ninguém havia ouvido falar do Rogério e, subitamente, eu já morava com ele. Minha mãe e os meus avós não aprovavam a diferença de idade, que é de quase quinze anos. Mas eu parecia tão bem, tão feliz, tão apaixonada, que eles enfim se deixaram convencer de que esse seria um ótimo relacionamento para a querida Heloísa. Rogério falou de seu escritório de arquitetura, de seu trabalho, da paixão que tinha por criar e decorar ambientes. Acho que causou aquela impressão de homem estabilizado, financeiramente seguro e realizado que os pais em geral esperam para o companheiro de uma filha. Ele sempre foi educado com meus parentes, recebia todos muito bem, comparecia às ocasiões familiares e às festas  como faz até hoje. Em pouco tempo, foi aceito como se não pudesse haver melhor homem para mim. Acho mesmo que não há. Quando me pediu em casamento, chorei. Antes da cerimônia civil que nos uniu, numa grande e badalada festa, nos casamos em privado, em nossa própria cerimônia secreta, unindo Dono e Cadela. Ficamos nus, no quarto iluminado apenas por velas. Ajoelhei-me diante de meu senhor. Tinha flores no cabelo e meu estômago parecia tremer com uma revoada de borboletas. "Prometo que serei seu Dono para sempre, minha cadela amada. Que irei tomar conta de você, de corpo, alma e cabeça. Que não a deixarei só nem desamparada. Que serei fiel a você, só trazendo outras pessoas para a nossa intimidade se isso servir ao nosso prazer. Prometo que vou puni-la sempre que você errar, teimar, ficar indócil ou desobedecer. Prometo ser criativo sempre e não me acomodar. Você promete que será minha cadela fiel?". "Prometo"  murmurei, feliz e apaixonada. "Promete que será sempre submissa a mim?". "Prometo". "Que irá existir para o meu prazer e para a minha vontade?". "Prometo". "Que entregará sua vida em minhas mãos?". "Prometo". Naquele momento, ganhei um afago no rosto. Sabia o que tinha que fazer. Abri minha boca e o recebi carinhosamente, ele que já estava duro e intumescido. Chupei e suguei aquele pênis adorado, que me dava tanto prazer, tanta alegria. Rogério afagava-me os cabelos. Não demorou muito e gozou em minha boca, alimentando minha alma com sua semente sagrada. Engoli tudo e o lambi avidamente. Nossa cama, decorada com pétalas de rosas, nos aguardava. Rogério havia comprado brinquedos novos para a ocasião...