14 maio 2007

Dê-me_By Bela {LD}

Dê-me TUDO e terás TUDO.
Serei carrasco de seu ser...
Deixar-lhe-ei tão atordoada
em vossos próprios pensamentos,
que o que lhe restará
será apenas minha doce e cruel
imagem...
Alimentarei seus sonhos com as minhas sobras,
fazendo com que vejas este alimento
como um banquete.

Esmagarei seus sentimentos,

transformando-os para mim,

ferindo-os, aniquilando-os.

Farei de sua vida um inferno, quente,

sombrio e tão repugnante

que quando entrares em meu mundo,

perceberás que entrastes num

paraíso sem fim.

Conhecerei seus pensamentos e suas vontades...
apenas para contrariar seus desejos
e conhecer sua ira.
Provocarei seu ódio,
seu rancor e suas mágoas,
para que assim eu conheça teu avesso,
suas entranhas mais obscuras.
Suas lágrimas verterão sangue,
já que a dor que as provocarão
virão de teu fraco coração
que baterá no compasso de minhas maldades.

Tentarás, contudo,

livrar-se de minha rede

que cerca-lhe o corpo.

Sim, tentes,

e verás que a cada movimento seu

mais eu me enfronho em teu mundo,

antes teu,

agora Meu.

Ficarás disforme,
não em tua aparência,
mas como massa que se molda com o desenho desejado.
Brincarei com você e serei vosso Deus.
Rogarás inicialmente pela liberdade...
Mas estarás a caminho de uma prisão consensual
e absolutamente segura.
Serei Tua cruz,
Teu confessionário,
Teu catecismo e
Teu pão.
Jorrarás teu vinho por mim
e pecarás por nós.
Desejarei fazer-te muitas para mim,
aquela que me ama, a que me odeia,
a que me acompanha, a que se esconde,
a que se humilha, a que me maltrata,
mas todas absolutamente minhas.
Completar-me-ás e nos acrescentaremos.
Somaremos e eu te subtrairei
para multiplicarmos.
Dividiremos anseios, ansiedades
e saciaremo-nos.
Dê-me tudo
e terás tudo.
Ofereça-se á mim,
entregue-se, permita-se,
e assim conhecerás a ti mesmo
olhando em vosso espelho
e enxergando a mim:
Criador teu.
Dificultar-lhe-ei os passos...
Prenderei vossos movimentos...
Quando presa sentir-se-a livre como pássaro e voarás alto.
Ao soltar-te serás frágil,
engaiolada sem jaulas,
encarcerada sem ferros,
aguardando o momento supremo,
onde eu pouso minhas mãos sobre meu colo,
chamando-te, ordenando-te,
e esperando que chegues,
que se aninhe,
neste colo que é teu
purgatório e paraíso.

Sou Dono de teu ser. Não sabes?

Permitirei que vivas,

apenas para que

morras de amor por mim.

Bela {LD}

{red angel}_GUARDIÃO

07 maio 2007

Jóia

O Ourives e a jóia

Maldito és Tu Senhor de mim;

Por portar com tamanha realeza,

destreza e força

as asas que te dei.

(ou a maldita serei eu?...)

Maldito coração que não posso controlar.

E bate de forma profunda,

intensa, descompassada...

tão mais forte

apenas pelo fato de Te ver.

Maldito tempo;

que Te mostrou fissuras, rasgos

e a tinta que descasca de minha fachada tão dura.

Maldita paixão;

por fazer com que eu,

antes tão precavida,

entregue em Tuas mãos

todas as minhas fraquezas,

desejos, segredos... Maldita adoração

por ter feito com que abrisse mais,

muito mais,

que apenas minhas pernas... Por ter feito com que minha mente se abrisse

e que os portões de minha alma,

assim como também as comportas de meus sonhos,

caíssem por terra, por ter me revelado a Ti como sou

e não como desejo mostrar-me.

Por me revelar a Ti apenas como,

e nada mais,

que humana, que mulher, que submissa.

Amaldiçôo também Teu corpo; por ele,

e somente ele,

me completar de uma maneira viciante e sublime

e que ,apenas com força sobre-humana,

eu conseguiria suportar a abstinência agora. São tantas as maldições que queria ser capaz de proferir...

sempre quando esta distante

de mim.

Mas as lembranças (sempre elas)

fazem com que eu apenas me sinta cada vez mais Tua

e mergulhe na bênção de Teus cuidados,

Teus castigos,

Teus afagos e Teus braços...

E vejo que não...

Jamais serei capaz de amaldiçoar Teus beijos,

nem Tua boca,

nem Teu olhar,

nem Teu calor,

tão pouco Teu furor ao tomar posse

e penetrar e morder e beijar

e fazer Teu aquilo que é Teu.

E abençôo Tua pele suave,

Teu toque , Tua voz, Teu suspirar,

Teu desejo, Teus gemidos, Teu colo macio

e Teus laços.

E sinto que parto em duas,

me espatifo em cacos,

me divido em mil estilhaços de cores e sombras

e sinto uma guerra divina entre anjos e demônios

dentro do meu peito.

E assim sigo

usando minha alva asa para lhe dar paz,

frescor, leveza, conforto, tranqüilidade e usando minha asa rubra

para fazer Teu sangue ferver,

Teu peito arfar,

despertar Teu desejo,

o brilho do Teu olhar,

Tua ira, Teu calor, Tua paixão. Adorando, odiando, sentindo, servindo,

negando, duvidando , desdizendo, praguejando,

suspirando, abrindo, sorrindo, temendo,

arfando, chorando...

mas sempre depois... abandonando o que sou em nome dessa paixão

(bendita , ora maldita)

E que me faz servir ao meu Senhor,

dobrar-me aos Teus desejos,

baixar meus olhos

perante o homem que tem o poder

de transformar meus dias em céu ou inferno

apenas com palavras.

Ajoelhar-me perante Ti... Sempre e em primeiro lugar por um motivo apenas...

O meu Senhor...

E isso basta para fazer calar a guerra em mim

e fazer com que todas as guerreiras emudeçam em paz.

Isso basta

para que eu siga pertencendo a meu Mestre

como anjo-demônio que sempre fui...

Apenas os olhos de meu Senhor.

Com os dois lados que residem em mim...

o lado mortal, submisso, temeroso,

calado, feliz e frágil e acalentado.

E meu lado forte, altivo, digno ,

contestador e castigado.

Ambos os lados do que sou...

Ambos lados que entrego somente em Tuas mãos

para que possa misturar, ceifar,

separar, calar, despertar...

conforme Teu desejo. Todas que me habitam pertencem a Ti Senhor,

tal como faces e luzes de um prisma,

a brilhar, dançar, iluminar

apenas com o toque de tuas mãos,

com o transpassar da luz de seus olhos por mim

mas que se apagam de súbito quando o Senhor não está.

Mas quando esta perto

todas que me habitam encontram a paz

e passam a unidade pura e simples de apenas uma mulher

submissa, apaixonada, feliz em faze-lo feliz...

e todas atendem por apenas um nome agora:

Serva de meu Mestre.

E desperto peça inacaba ainda

mas única, rara, cuidada, liquefeita

e novamente (e quantas vezes desejar) moldada

a espera da perfeição

que somente o calor e formão de Tuas mãos

poderão trazer a este mundo.

E depois guarda-lá

como peça tua que é... E nesse momento

todos os meus lados serão apenas faces da mesma pedra

lapidada por teus desejos...

Jóia que adornará teu cetro ,

a jóia de perfeita lapidação

em que se orgulhará de colocar tua marca de ourives.

Tua obra que poderá guardar

por toda eternidade...

Tua jóia espera sempre...

aguardando o momento em que novamente

Tuas abençoadas mãos tocaram esse teu objeto

para honrá-lo com Teus cuidados, Teu desejo e Tua paixão...

E finalmente sentir que não sou mais rascunho

mas que, finalmente,

sou obra acabada que se aproximou,

ao menos dos sonhos,

de perfeição de Meu Criador.

ruiv@